A romantização da opinião

Superado o nosso teste, agora que nós demos um passo importante de avaliação e conseguimos nos ambientar melhor, surgiu outra questão que deve ser mencionada antes de continuarmos evoluindo nos aprendizados técnicos. Como vocês puderam perceber, as notícias exigem inúmeras informações para que sejam compreendidas na sua integralidade.

Mas, agora, vem outra dúvida: ok, entendi o que a notícia quis dizer, mas isso é bom ou ruim? Para fazer esse juízo de valor sobre cada movimento político, é preciso analisar cada tema da pauta buscando desmistificá-lo através do conhecimento. E nada melhor do que aproveitar o clima romântico do dia dos namorados para falar sobre um problema que aflige a sociedade atualmente: a romantização da opinião.

Quando um assunto surge, todo mundo tem uma opinião. Parece quase necessário se manifestar, pois caso alguém se cale, será interpretado como consentimento. O problema é que poucas pessoas têm informação e raras têm o conhecimento. Justamente na era da informação, nunca tivemos tanta incompreensão. Logo quando temos espaço para expressar, nunca tivemos tanta radicalização. Tudo isso em tempo real!

Por isso, é importante entendermos a nossa responsabilidade sobre a comunicação. Opinião é como você vê o tema (de acordo com seus valores e experiências), informação é como você organiza e processa os dados que vai utilizar e conhecimento é a consciência de tudo isso (dados, ideias, métodos) que você alcança por meio da aprendizagem, percepção ou descoberta.

E qual é o problema de romantizar a opinião? Nem todo mundo tem opinião sobre tudo o tempo todo! E “tá tudo bem”! Já diria Confúcio, “o silêncio é um amigo que nunca trai”. Percebam: a maioria das pessoas dá a opinião sem ainda ter buscado o conhecimento sobre o tema, deixando de percorrer o caminho, ficando apenas no superficial. Isso é perigoso: quando você não busca o conhecimento, não sabe as informações e pode emitir opiniões falsas.

Uma opinião sem bons argumentos pode ser derrubada facilmente. E os argumentos apenas são construídos com base no conhecimento adquirido do aprendizado da informação. Walter Carnielli nos ensinou que “um argumento é uma viagem lógica” e é exatamente por isso que quando se deparar com um assunto que você ainda não conhece o suficiente: pesquise, estude, debata. Siga a linha de construção lógica.

É só a partir desse movimento que teremos a liberdade intelectual que tanto buscamos aqui na nossa coluna. Tanto para emitir opinião quanto para não se deixar ser manipulado. É por isso que até o momento estamos nos munindo das informações e, por meio da aprendizagem, aprimorando o conhecimento, para poder emitir opiniões com responsabilidade. É só assim que conseguiremos superar conversas radicais ou polarizadas.

É só assim que desenvolvemos o senso crítico e paramos de nos preocupar em ouvir vozes contrárias, pois confiamos no que construímos mentalmente. É só assim que conseguimos enriquecer os debates com diversidade e tolerância, aproximando os interlocutores e contribuindo como agente de transformação.

Já dizia Hipócrates, há 2.500 anos, que a ciência é a mãe do conhecimento e a opinião é a mãe da ignorância. Ao invés de romantizar a opinião, que tal buscarmos promover o conhecimento? 

Um beijo cheio de liberdade e até a próxima!

Juliana Markendorf

Juliana Markendorf

Juliana Markendorf Noda. Advogada e Professora. Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Pós-graduada em Sociologia Política pela Universidade Federal do Paraná. Membro da Comissão de Direito Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Paraná. Membro da Comissão de Direito Digital e Proteção de Dados da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Paraná. Membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político. Presidente do Instituto de Formação de Líderes de Curitiba.

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