Outubro Rosa: Nutrição no Câncer de Mama

O câncer de mama é um tumor que ataca o tecido mamário e é um dos tipos mais comuns. Ele se desenvolve quando ocorre uma alteração de alguns trechos das moléculas de DNA, causando uma multiplicação das células anormais. O movimento internacional de conscientização para o câncer de mama, Outubro Rosa, tem o objetivo de compartilhar informações e promover conhecimento sobre o tema.

Falarmos sobre nutrição para essas pacientes é de extrema importância. Uma das primeiras associações se dá em relação à imunidade, já que a carcinogênese tem íntima ligação com o sistema imunológico, e este, é fortemente influenciado pelos nutrientes. Deficiências nutricionais podem acarretar alterações no funcionamento das células imunológicas, impactando na resposta do sistema imune contra a proliferação das células tumorais e de outros fatores relacionados ao desenvolvimento da doença.

Quando pensamos em prevenção, é preciso analisarmos o impacto das escolhas alimentares de cada uma, uma vez que alimentos ricos em gordura saturada, com alto valor energético e pobre em fibras podem estimular o ganho excessivo de peso que é um dos fatores de risco para o câncer de mama. Segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), aproximadamente 25% dos casos de câncer de mama no mundo ocorrem devido ao excesso de peso e sedentarismo. Assim sendo, praticar atividade física, pelos menos 150 minutos semanais como orientado pelo Organização Mundial de Saúde (OMS), reduzir o consumo de alimentos ricos em gordura saturada e carboidrato refinado e aumentar consumo de fibras, frutas e verduras, preferencialmente orgânicas, é uma recomendação.

A inclusão de hábitos como a redução de carnes vermelhas, gordura animal e do consumo excessivo de álcool já é bastante reconhecida. Mulheres que consomem grandes quantidades de carne vermelha estão expostas a agentes mutagênicos e cancerígenos e, o alimento exposto em altas temperaturas contém aminas heterocíclicas que são mutagênicas para câncer de mama. As gorduras saturadas são encontradas em alimentos que contêm gorduras animais como carnes em geral e laticínios e as gorduras trans são encontradas em gorduras vegetais hidrogenadas, margarinas e, consequentemente em alimentos que levam seus ingredientes, como bolachas, sorvetes, batatas fritas, bolos, tortas e massas. A função das membranas celulares depende da configuração tridimensional de seus ácidos graxos. Como os ácidos graxos trans assumem configuração semelhante aos ácidos graxos saturados, a ingestão destes pode influenciar na fluidez da membrana prejudicando a fluidez celular. É por esse motivo que eles têm sido associados ao risco de câncer de mama.

A alimentação é aspecto fundamental também no período do tratamento e após. Se alimentar de forma correta, praticar atividade física e manter um peso adequado é essencial para recuperar a saúde, prevenir o retorno da doença e o desenvolvimento de outro tipo de câncer. É preciso esclarecer que a cura do câncer não pode ser obtida por meio do consumo de um alimento específico, e sim, uma alimentação saudável de forma geral, auxilia na prevenção e no tratamento do câncer. O recomendado é consumir, no mínimo, duas porções de frutas e três porções de legumes sem amido (como cenoura, couve-flor, berinjela, tomate) e verduras. Sendo adequado consumir alimentos de diferentes cores.

Alguns nutrientes e fitoquímicos exercem papel antioxidante, contribuindo para a redução do dano oxidativo às células.O efeito protetor exercido pelo consumo de frutas e vegetais pode ser atribuído à presença dos antioxidantes, tais como as vitaminas A, C, E e o ácido fólico e o mineral selênio encontrado nesses alimentos.O principal grupo de agentes inibidores da carcinogênese é representado pelos antioxidantes, bloqueadores dos radicais livres. É importante destacar que a oferta de nutrientes antioxidantes através da alimentação é que mostrou associação inversa com o desenvolvimento do câncer de mama e não através dos suplementos de vitaminas e minerais. O uso indiscriminado desses suplementos antioxidantes (megadoses) pode sofrer interação com os agentes quimioterápicos e contribuir negativamente para a eficácia do tratamento. Incentivar o consumo de alimentos integrais é uma conduta nutricional eficiente.

Os refrigerantes contêm a substância 4-MI (4-metil-imidazol), um subproduto do corante caramelo IV, classificada como possivelmente cancerígena pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC). O aquecimento de alimentos em recipientes plásticos, inclusive mamadeiras, pode liberar substâncias nocivas com potencial de causar câncer, como a dioxina, o bisfenol A (BPA) e os ftalatos. Portanto, estes devem ser evitados.

Os estudos sugerem que a obesidade geral está associada com o aumento de câncer de mama na pós-menopausa. Além disso, foi observado que pacientes com diagnóstico de câncer de mama apresentam ganho de peso, principalmente após o diagnóstico e têm tendência à obesidade que pode ser agravada pelo tratamento quimioterápico. Estratégias de intervenção nutricional em pacientes com câncer de mama estão associadas com redução no estresse oxidativo, melhor resposta ao tratamento, menor depleção pela terapia antineoplásica e melhor qualidade de vida. Portanto, o cuidado com a alimentação de pacientes com diagnóstico de câncer de mama, durante e após tratamento oncológico é fundamental.

Luisa Chioato

Luisa Chioato

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