Mulher, viaje sozinha sim!

Quem nunca quis fazer uma viagem e não encontrou uma companhia? Seja pela pessoa não poder por questões financeiras, ou por não ter férias no trabalho, ou pelos filhos, ou pelo namorado ciumento, ou porque simplesmente não tem alguém que queira disfrutar desse momento com você?

Às vezes a gente tem tudo esquematizado, encontrou a passagem barata, a data perfeita, tem o roteiro todo planejado de acordo como você sonhava, mas e agora? Cadê aquela pessoa que possa curtir esse momento ao seu lado?

Muitas vezes me peguei nesses pensamentos, sem saber se ia, buscava amigos, familiares, mas as datas e interesses não batiam e eu desistia de ir. O sentimento de frustração vinha, óbvio, afinal, será que preciso do outro para ser feliz, para me ajudar a criar momentos e memórias que eu mesma poderia estar criando sozinha?

Pois é, parece clichê, mas já vi várias amigas e conhecidas passando pela mesma situação. O medo de viajar sozinha, de enfrentar um outro mundo, outras situações, ser desafiada pelo novo assusta, mas fica a minha dica, vale a pena, vale MUITO a pena.

Uma mulher viajar sozinha acaba sendo um tema muito sensível. A sociedade machista que vivemos nos faz acreditar que tudo é perigoso, que nós mulheres somos muito vulneráveis, e até aquela ideia de que é “feio” para uma mulher sair pelo mundo viajando sozinha ainda é um tabu. A ideia de uma mulher ser livre é um tabu.

Eu cheguei a um ponto que resolvi não esperar mais pelo outro, e decidi viajar, decidi ser feliz hoje. O sentimento de espera do namorado viajante, da amiga com tempo pra mim, do grupo de amigos que conseguem se organizar financeiramente para todos viajarem juntos foi deixada de escanteio. Resolvi me priorizar e ir atrás do que eu já amava ver em filmes, vídeos na internet e livros, resolvi conhecer tudo que me encantava.

Não vou dizer que as primeiras viagens foram fáceis, cada país, cada cidade, cada cultura, você passa um perrengue diferente, situações diferentes, mas todas te fazem evoluir e você volta com diversas histórias pra contar.

Já escutei diversas falas desagradáveis em viagens ou até mesmo por pessoas próximas ou não tão próximas a mim como “coitadinha, você não fica triste viajando sozinha?”, “Não se sente solitária viajando só?”, “Aposto que tá indo fazer farra”, “Mas seu namorado deixa?”, “Cadê seu pai?”. Foram frases que no início me incomodavam, mas que com o tempo me desafiaram mais e me fizeram deixar de lado aquele medo e até preconceito, me dando coragem e vontade de me jogar no mundo.

Aprendi a apreciar a minha companhia e não tem nada mais prazeroso que se amar. Viajar sozinha é se sentir completa de si! É você, mesmo tendo família, amigos e até um parceiro, escolher a sua própria companhia para aquele momento especial e isso bastar.

Deixo aqui meu relato que escrevi no Instagram há quase 3 anos atrás, quando voltei da Guatemala. Uma viagem de 3 dias para escalar e acampar no meio do mato em uma região com vulcão em erupção. Uma loucura que eu fui com muito medo, fui sendo criticada e sem muito apoio, mas que ultrapassou todas as minhas expectativas:

“A última vez que entrei em um avião eu sentei a bunda na cadeira e queria levantar e fugir., estava muito nervosa. Engraçado como a gente tenta correr às vezes da felicidade, né?! Medo de que tudo acabasse.. bom acabou, mas coisas boas vieram com isso, sempre tem um lado positivo em tudo. Dessa vez eu entrei no avião e a adrenalina era tão grande que eu tava piraaaaando! Como pode? Eu estava indo sozinha para um país que não conhecia acampar em um vulcão.. SO ZI NHA! É algo que vinha na minha cabeça toda hora.. mas que fazia a adrenalina subir mais ainda.. Cheguei na Guatemala e me encantei, com o clima, com as pessoas, com a natureza, com a cidadezinha colonial, gracinha demais! Quando eu comecei a trilha, o desespero bateu demais! A vontade de desistir vinha de minutos em minutos, e eu ficava tentando planejar algo para conseguir sair dali, mas COMO? No meio do nada, naquele mato, qual era o caminho de volta? Como que eu ia fazer? Não tinha escolha.. só fui, escorregando, caindo, me machucando, torci o pulso, o pé, estalei o ombro.. COMO QUE ESTALA o ombro? Eu só sentia dor.. chegou um ponto que eu já não me importava mais, só queria que acabasse e sobrevivesse de alguma forma. Não é exagero, qualquer desatenção ou desequilibro em algum ponto, era ladeira a baixo. Foi muito dolorido.. fisicamente e emocionalmente. Mas quando eu consegui.. “Olha esse vulcão” era tudo que vinha a minha cabeça e a vontade de chorar vinha, era muita emoção.. mais uma viagem, mais uma experiência, mais uma história que me faz ter orgulho de ter essa coragem e determinação de ser feliz! Obrigada demais Deus!💙”

Thais de Bem

Thais de Bem

Thaís de Bem - Internacionalista e Co-founder Agência UNBOX

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