Maternidade e saúde mental

A influência materna no desenvolvimento dos filhos, de acordo com o psicanalista  Winnicott, é algo notório e de grande relevância. A mãe é a principal responsável pelo desenvolvimento da saúde mental dos filhos e é fundamental na construção do sujeito que, desde muito cedo, irá iniciar sua vida em um ambiente que proporcione desafios e recursos para o desenvolvimento da sua personalidade.

Principalmente no primeiro ano de vida, a relação mãe e bebê vai definir um modelo ou uma estrutura que o acompanhará na sua vida adulta e que vai estabelecer como ele irá se relacionar consigo mesmo, com o outro e com o mundo.

É claro que isso não é uma condição imutável, e que as experiências que vivenciamos ao longo da vida também podem nos marcar e nos transformar.  

Diante da importância da maternidade, fica claro que para que o bebê possa encontrar esse ambiente saudável para o seu crescimento e desenvolvimento, a mãe precisa necessariamente estar saudável e apta para proporcionar tudo isso ao seu filho, ou seja, a saúde mental da mãe é fundamental para o desenvolvimento do bebê.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em média  20% das mães em todo o mundo apresentaram algum tipo de transtorno mental, em sua maioria a depressão. No Brasil, segundo estudo realizado pela Fiocruz, uma em cada quatro mulheres apresentam sintomas de depressão no período de 6 a 18 meses após o nascimento do seu  filho. 

Apesar das pesquisas, o assunto não tem ganhado destaque, ficando a atenção de todos voltada para o bem estar do bebê. A rede de apoio tão importante em vários momentos, na maioria das vezes mesmo que tenham as melhores intenções, se equivocam e ao invés de apoiarem a mãe, para que ela esteja bem e apta para cuidar do seu bebê, voltam os seus cuidados apenas para o bebê, ficando a mãe sem a assistência necessária e se sentindo perdida e sobrecarregada.

A maternidade sempre foi romantizada e a mãe é vista como uma leoa que dá conta de tudo. Esse status pode gerar culpa, frustração e sentimento de incapacidade em que muitas mulheres se vêem sem condições de lidar com todas as atividades que seus múltiplos papéis requerem delas, o que pode levá-las ao cansaço extremo, estresse e até mesmo ao adoecimento mental.

Nesse sentido, o esgotamento mental da mãe gera um distanciamento emocional do filho e gera nela sentimentos como o de não realização e de pouca eficácia na maternidade. Sabemos que a maternidade traz consigo diversas mudanças na vida da mulher, mexendo com suas estruturas, com suas emoções, com sua rotina e trazendo muitas alterações, sendo uma experiência capaz de transformar a mulher.

Essa mulher, agora mãe, precisa ser compreendida, ouvida e auxiliada para conseguir se adequar à nova vida e às novas funções de uma maneira saudável, progressiva e natural.

A falta de apoio e de compreensão nesse período podem ser muito prejudiciais, colocando em risco o bom desenvolvimento do relacionamento mãe/bebê e ocasionando até o aparecimento de doenças mentais, como os processos depressivos. Se a mãe adoece, é possível que o bebê tenha prejuízos no seu desenvolvimento, já que o desenvolvimento cognitivo do bebê depende primeiramente da relação estabelecida com a mãe sendo, portanto, imprescindível observar o bem-estar dela.

É fundamental falar sobre a saúde mental materna, trazer conscientização para a população, quebrar tabus e promover um novo olhar para a mãe e para a maternidade.

O Dia das Mães, data que comemoramos esse mês, é uma ótima oportunidade para refletir sobre a saúde mental da mãe e também para ajustar nossas expectativas a respeito do papel e da função da mãe, diminuindo a cobrança e acrescentando empatia.

O equilíbrio das diversas áreas na vida da mulher, sendo mãe, mulher, esposa, profissional é um desafio e não deve ser uma cobrança interna e nem externa, mas uma tentativa de encontrar equilíbrio sem culpa, refletindo sobre as expectativas e a realidade possível.

Se forem observados desajustes, sintomas depressivos ou ansiosos, e houver a necessidade de auxílio profissional, a psicoterapia pode ajudar a mãe a lidar com as adversidades desse período e a viver a maternidade de forma mais leve, segura e feliz.

Não tarde em procurar ajuda!

A todas vocês, minha admiração e amor!

Feliz todos os dias mamães!

Com carinho, 

Fátima Aquino

Psicóloga Clínica 

Fátima Aquino

Fátima Aquino

Fátima Aquino - Psicóloga Clínica - CRP 04/45482, Pós graduação em Psicanálise e em Terapia Familiar

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