Segundo a Organização Mundial de Saúde (2019), o Brasil ocupa o primeiro lugar em número de pessoas ansiosas no mundo, sendo que as mulheres ocupam o topo dessa lista. Este dado alarmante demonstra uma urgência na conscientização e nos cuidados, para que seja possível viver com mais saúde mental e, consequentemente com maior qualidade de vida.
Como vimos no artigo anterior, embora a ansiedade possa aparecer em diversos momentos da vida, a ansiedade saudável é passageira e não atrapalha aspectos da vida cotidiana. Já a ansiedade patológica pode prejudicar o dia a dia e a longo prazo, o excesso de apreensão e preocupação podem originar diversos subtipos de transtornos, sendo possível que a pessoa acabe desenvolvendo outras patologias do grupo dos transtornos ansiosos.
Vejam os subtipos de transtornos de ansiedade e suas principais características.
A Síndrome do Pânico é caracterizada por crises súbitas marcadas por uma sensação de desespero. Os sintomas são tanto psicológicos quanto físicos, medo, estresse, falta de ar, tremores, taquicardia, dormências. Pode aparecer também uma forte sensação de morte, sem que haja nenhum perigo eminente.
O Transtorno Obsessivo Compulsivo conhecido como TOC, se caracteriza por pensamentos obsessivos que levam a pessoa a rituais excêntricos, forçando-a a comportamentos específicos para se acalmar. Exemplo desses comportamentos são, lavar as mãos constantemente, contar objetos, verificar portas, janelas ou gás diversas vezes, e organizar itens mentalmente. A pessoa crê que algo ruim vai acontecer com ela ou com as pessoas que ama caso não cumpra os rituais.
As Fobias caracterizam-se pelo medo ou aversão em excesso a um objeto ou situação. Há diversos tipos de fobias, como fobia de altura, de alguns animais, de doenças, de interações sociais, entre outros. O medo é uma reação e um mecanismo de defesa do corpo, já a fobia é uma perturbação irracional que surge diante de algo que a pessoa considera extremamente desconfortável, mas não é necessariamente uma ameaça a sua segurança.
O Transtorno de Estresse Pós-traumático, se manifesta após um evento traumático, quando a pessoa passa a revivê-la no presente. São muitos os sintomas e dependem da severidade do trauma. Geralmente, afetam o comportamento e o emocional, com aparecimento de agressão, agitação, automutilação, isolamento social, medos, alucinações e ansiedade severa.
Embora não seja uma tarefa simples, já que apresentam sintomas e manifestações semelhantes, é importante reconhecer e identificar o transtorno para elaborar uma conduta terapêutica mais eficaz.
Suas causas dependem da história e do histórico de cada pessoa, de suas experiências pessoais e da maneira como cada um lida e internaliza cada uma delas.
Felizmente existem algumas atitudes que podem melhorar o dia a dia do ansioso, tanto práticas que devem ser incorporadas no seu cotidiano como ações que devem ser usadas nos momentos de crises.
No dia a dia, a pessoa ansiosa pode minimizar as sensações de desconforto diário através de hábitos positivos e saudáveis como a pratica exercícios físicos diariamente, sendo excelente tanto para a prevenção quanto para auxiliar no processo terapêutico e medicamentoso.
A meditação é outra pratica excelente que ajuda a limpar a mente, organizar os pensamentos e beneficia a capacidade de concentração, e da autoregulação.
Priorizar atividades agradáveis, praticar o amor próprio também promovem a saúde mental, aumentam a autoestima e a autoconfiança.
O exercício de respiração é uma dessas práticas que devemos observar tanto no nosso dia a dia como em momentos de crise. A respiração é responsável pela oxigenação do nosso sangue e quando ficamos ansiosas umas das primeiras coisas que podemos observar é que nossa respiração fica “curta”. Exercícios de respiração profunda possuem propriedades calmantes e a prática desses exercícios acalma o coração acelerado. Encha os pulmões, segure o ar entre três a cinco segundos, e expire pela boca contando novamente entre 3 a 5 segundos. Esse exercício simples, mas muito eficaz é um remédio que também ajuda em momentos de estresse elevado.
Quando estiver ansiosa e perceber que algo está te deixando inquieta, procure distrair os pensamentos com algo agradável. Tire o foco do que está se passando com o seu corpo e com sua mente e tente observar e descrever algo ao seu redor. Pode parecer estranho mas a concentração em outra coisa fora de nós, nos ajuda a sair do estado de aflição momentânea e a nos acalmar.
Procure se preocupar menos em não cometer erros, já que todos nós erramos. A preocupação excessiva também tem origem na nossa insegurança, ou seja, quando não acreditamos que somos capazes de resolver o que está diante de nós.
Perceba se o que está acontecendo e te deixando ansiosa está dentro do seu controle ou não. É importante discernir isso e caso não esteja no seu controle e você não consiga resolver, não gaste sua vida tentando lidar com aquilo que você não pode resolver.
Essas são apenas algumas atitudes que ajudarão no dia a dia de uma pessoa ansiosa e também nos momentos de crise, porém é preciso ressaltar que não são o suficiente para substituir um tratamento terapêutico e, se for o caso, a utilização de medicações.
Controlar a ansiedade requer entre outras coisas a descoberta de gatilhos emocionais e desse modo, uma das melhores ferramentas para lidar com a ansiedade é a psicoterapia. Vale lembrar que essas dicas são válidas em determinas ocasiões, mas o transtorno de ansiedade envolve diversas questões emocionais e muitas delas são um mistério até mesmo para a própria pessoa e requer maior atenção.
Dessa forma a psicoterapia vai atuar na identificação e solução de pensamentos equivocados, no autoconhecimento, no aumento da resiliência, na eliminação de conflitos, entre outros, auxiliando no reconhecimento dos sintomas e das causas da ansiedade, sendo extremamente eficaz no tratamento do transtorno.
Fique atenta, quando a ansiedade passa a ser patológica, é essencial buscar a ajuda de um profissional da saúde mental para uma avaliação e para a definição de qual método de tratamento é o mais indicado para cada caso.
Espero ter ajudado!
Com carinho, Fátima Aquino
Psicóloga Clínica