A verdade por trás da mentira

Todas nós já falamos alguma mentira em algum momento, e isso é uma verdade!

O grande problema é quando a mentira se torna um hábito ou uma estratégia de “resolução” dos nossos problemas ou de situações embaraçosas.

A mentira não é um ato da incapacidade de alguém em relatar a verdade, também não é um relato impreciso da verdade pela falta de habilidade em descrevê-la, a mentira é um ato consciente de quem sabe que a sua descrição não é coerente com o que fez e mesmo assim a sustenta.

As mentiras e as omissões podem ser desvendadas ao se observar a relação entre o comportamento da pessoa e o que ela fala, ou seja, a descrição precisa ser coerente com os fatos, é necessário haver correspondência entre o “fazer” e o “falar”.

Tanto falar a verdade quanto contar uma mentira são comportamentos verbais aprendidos e mantidos pelas conseqüências que produzem e claro, em muitas situações há ganhos imediatos com a mentira, não podemos negar isso.

A mentira pode afastar ou adiar conseqüências desagradáveis e de alguma forma isso traz alguns benefícios. Se mentir trouxe algumas “vantagens”, esse comportamento tende a se repetir, repetir e repetir.

Claro que isso tem relação com o caráter, não é porque se conseguiu uma vantagem que esse comportamento se torna uma constante, há diferenças expressivas entre já ter mentido em alguma circunstância e ser um mentiroso inveterado. 

A mentira muitas vezes é um fardo pesado, é cansativo mentir e esse hábito pode gerar muito stress mental, adoecimento e rompimento de laços afetivos importantes.

O hábito da mentira pode ser, além de tudo isso, a expressão de alguma debilidade emocional, que muitas vezes está relacionada com a dificuldade em assumir os próprios erros, com a falta de autorresponsabilidade ou mesmo pelo medo de não sermos aceitas.

Você se lembra qual foi a última vez e em qual circunstância você mentiu?

Pessoas com medo de perder o relacionamento amoroso escolhem mentir como forma de evitar conflitos ou desgastes.

Pessoas com baixa autoestima escolhem mentir por medo da rejeição, da crítica e do julgamento dos outros.

Pessoas inseguras muitas vezes escolhem mentir por se sentirem incapazes de resolver problemas, e mentem na esperança de não se sentirem rejeitados.

Pessoas frágeis emocionalmente escolhem o caminho da mentira na tentativa de evitar conflitos e confrontos.

Mas mentir é sempre um risco. Esse risco na maioria das vezes, ao invés de ajudar a resolver a questão, só faz piorar, gerando consequências desastrosas e confusões desnecessárias.

Por exemplo, um(a) parceiro(a) que trai e ao ser descoberto(a) continua a mentir, tem suas chances diminuídas de ser perdoado, já que nega que errou e mente sobre seu comportamento desvendado. Afinal, como perdoar o que se sabe, mas que nunca foi confessado?

Já vi casos desse tipo de mentira ser descoberto, confessado e perdoado. Mas também já vi pessoas sustentando a mentira, carregando um fardo terrível e por não ter coragem de agir com a verdade e confessar sua falha, perderem o grande amor da sua vida… É, a mentira pode tomar proporções devastadoras. 

Tudo isso nos revela que a outra face da mentira é, muitas vezes, o medo, a insegurança, um olhar de incapacidade para si, a baixa autoestima, e até a própria dificuldade de perdoar.

A mentira nos deixa frágeis e reféns de situações, que mesmo complexas e delicadas, seriam possíveis de serem resolvidas com a verdade, porque ainda que vergonhosa e dolorosa, a verdade nos liberta e nos humaniza.

É claro que nem sempre se pode aceitar a verdade sem que algum tipo de sanção seja administrada, podem haver consequências e é preciso saber enfrenta-las.

Dessa forma é importante ter ciência de que mentir nem sempre representa uma patologia. A mentira é um espelho que reflete uma distorcida imagem do nosso interior, e quando ocorre repetidas vezes, pode denunciar um desvio de caráter ou mesmo uma debilidade emocional que certamente atrapalhará os vários aspectos da nossa vida, familiar, pessoal e profissional.

Se você se identifica com essa descrição, talvez seja bom se perguntar se não é o momento de buscar auxilio profissional.

Algumas vezes a ajuda dos amigos ou da família já não é mais o suficiente e precisamos encarar a verdade sobre nós e buscar ajuda.

Não se julgue e nem se martirize, busque apoio e refaça sua história com a verdade que liberta!

Conte comigo.

Com carinho,

Fátima Aquino

Psicóloga Clinica

Fátima Aquino

Fátima Aquino

Fátima Aquino - Psicóloga Clínica - CRP 04/45482, Pós graduação em Psicanálise e em Terapia Familiar

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