A revolução da mulher no Egito

A mulher egípcia num contexto geral, como nos costumes, vestimentas e casamento vem apresentando ao longo dos anos uma evidente evolução.

            Desde o Antigo Egito, a imagem feminina tem grande poder, sobretudo nos contextos sociais, inclusive em sua participação na religião. Um grande exemplo disso é sobre a vida de três grandes rainhas Hatshepsut, Cleópatra e Nefertiti, rainhas que tiveram grande influência na sociedade egípcia.

            Alguns países árabes possuem uma fama de serem opressivos contra os direitos das mulheres, mas o Egito vem mostrando ao longo dos anos como essa ideia vem evoluindo.

            O Egito é um dos países que mais respeita as mulheres no geral, em comparação aos seus países vizinhos que possuem a religião muçulmana como a religião oficial.

            A Revolution, para melhor informar e alertar, traz informações levantadas pela ONU, com dados relevantes sobre como a mulher egípcia vem evoluindo ao logo desses anos.

            Para melhor compreensão desse assunto, o que significa o machismo?

            O machismo é um conceito baseado na supervalorização das características associadas ao sexo masculino, tanto com relação aos aspectos físicos, intelectuais como aos sociais. Uma pessoa machista é aquela que acredita que homens e mulheres possuem papeis distintos em uma sociedade, no qual a mulher não pode e não deve ter os mesmos direitos que um homem. A mulher é vista como uma figura inferior ao homem.

            Para vocês entenderem melhor a realidade no Egito, aqui vão alguns insights sobre a sociedade egípcia:

– 90% dos homens egípcios concordam que uma mulher deve tolerar a violência doméstica para manter a família unida;

– 44% dos egípcios gostariam de ter a opção de licença parental para os pais;

– 29% dos homens egípcios acham que deveria haver mais mulheres em posição de autoridade política;

– Pelo menos 72% dos homens se preocupam com seu futuro e de sua família.

            Apesar desses números, o papel da mulher na sociedade já foi pior e com o passar dos anos e com a influência de outros países esse quadro vem mudando.

            A ONU levantou um estudo em 2017 sobre o assunto, veja:

– Homens e mulheres possuem opiniões diferentes sobre os papeis e direitos de gênero. Grande parte dos egípcios possuem atitudes patriarcais em relação aos homens e direitos e relações femininas;

– Pessoas que possuem mais dinheiro, que tem ensino superior e aqueles que vivem em regiões urbanas tendem a ter uma visão mais equitativa;

– A maioria dos homens são mais resistentes a mulheres que trabalham fora do lar e a sua participação na área da política. Todavia, boa parte dos homens pesquisados apoiam a igualdade na educação para meninos e meninas e salário igual por trabalhos iguais. Eles relataram que estariam dispostos a trabalhar com colegas do sexo feminino;

– As mulheres seguem sendo as responsáveis por assuntos domésticos, enquanto os homens são responsáveis por grande parte das decisões domésticas. Essa cultura é instalada desde a infância, no qual as crianças observam os comportamentos dentro de casa e assim o padrão é estabelecido. Contudo, ambos homens e mulheres relatam que tem o mesmo poder de decisão e controle na tomada de decisões no âmbito familiar;

– Grande parte dos homens alegam ter pouco tempo de lazer com os filhos devido ao trabalho, e quase metade, tanto dos homens e mulheres, relatam que são a favor da licença parental paga aos pais;

– Homens e mulheres sofreram violência. Índice alto na infância, onde as crianças foram espancadas, como forma de punição tanto na escola quanto em casa. As meninas eram menos vulneráveis na escola, porém mais vulneráveis dentro de casa;

– Há uma baixa participação das mulheres no trabalho, enquanto os homens vêm sofrendo, desde o berço, pressão para serem os provedores do lar. Porém esse quadro vem mudando, as mulheres vêm ganhando força ao longo dos anos para ajudarem em casa para que essa incerteza econômica diminua. Afinal, não são todas as mulheres que casam, então é necessário elas trabalharem para terem seu sustento.

            Há leis egípcias que promovem os direitos das mulheres, leis que recebem apoio misto de homens e mulheres. O Egito tem alinhado muitas de suas leis com a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW), desde que essas leis não violem a sharia, que é a base da lei do status pessoal.

            Nos últimos anos houve uma significativa mudança nas leis sobre casamento (elevando a idade legal para 18 anos, tanto para homens quanto para mulheres), nacionalidade (permitindo que as mulheres egípcias passem a cidadania para seus maridos e filhos), divórcio (permitindo que as mulheres iniciem divórcio unilateral, ou khola), registro de nascimento (mães tem o mesmo direito de fazê-lo como pais) entre outras medidas, embora esse avanço costume ser mais substancial no papel do que realmente na prática.

            Eu tive a grata oportunidade de morar 3 meses no Egito, e ao meu ver, pelo tempo em que morei no Egito a trabalho e com o convívio com as egípcias, tanto em ambientes laborais quanto sociais, o papel das mulheres na sociedade é bem mais valorizado do que a mídia mostra. Muitas preferem não se casarem e serem independentes dos homens, buscam seu lugar no trabalho em cargos altos e significativos e muitas vezes ganhando mais que os homens. Possuem grande poder na oratória e conseguem se impor quando necessário.

            Infelizmente a cultura do machismo, como em todo o mundo, é muito presente, mas a revolução vem gerando grandes mudanças e as mulheres vêm ganhando seu lugar.

            Espero que tenham gostado deste conteúdo e de terem descoberto um pouco mais sobre o que tem acontecido do outro lado do mundo, essa troca cultural é muito rica e nos ajuda muito a entendermos melhor a nossa contribuição!

Thais de Bem

Thais de Bem

Thaís de Bem - Internacionalista e Co-founder Agência UNBOX

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