A importância de dar limites na educação infantil

Um desenvolvimento infantil saudável passa por uma educação harmoniosa e de qualidade e os pais devem estar atentos a fatores indispensáveis como o afeto e o estabelecimento de limites.

Amar os nossos filhos não é nenhuma dificuldade para nós, mas a expressão desse amor precisa ser compreendida e podemos dizer que isso é uma construção diária, que se dá através de uma maternagem adequada, nos cuidados diários, na amamentação, no acolhimento, no colo, no olhar, na troca, na comunicação, na delicadeza e no estabelecimento de limites, conferindo aos filhos a sensação de segurança, de proteção e de amor.

Se sentir amado é primordial para todos nós e é imprescindível para um bom desenvolvimento da criança em todos os aspectos.

Freud disse: ” Como fica forte uma pessoa quando está segura de que é amada.”

Segundo ele, as crianças são incontinentes, ou seja, elas não conhecem os limites, e os pais ou responsáveis pela formação dessa criança devem estar conscientes da necessidade de ajuda-las nessa caminhada, imprimindo amor na forma de limites. Amar também é colocar limites e uma educação onde não há o ensino de limites e regras sem duvidas, tem falta de amor.

O limite na vida de uma criança se dá inicialmente na rotina. É importante que as crianças tenham horários mais ou menos estabelecidos para todas as atividades do dia como, horário para acordar, para o banho, para brincar, para comer, para estudar, para não fazer nada e para dormir. A rotina dá segurança a criança e estabelecer regras também faz parte do ensino dos limites já que elas existem em todos os lugares, seja em casa, na escola, na sociedade.

Uma regra de ouro é construir os “combinados” junto com os filhos, pois assim eles se sentem incluídos e serão mais participativos, o que torna mais fácil o seu cumprimento.

É claro que educar dá trabalho. Não vou dizer que a criança irá cumprir com todas as regras e com a rotina de um dia para o outro, mas é através delas, repetidas pacientemente e educadamente, que a criança vai compreendendo a necessidade do seu cumprimento e como se vive em sociedade. E isso dá trabalho e muito!

Determinar limites desde a infância é fundamental para construir um relacionamento estável e proporcionar a formação da criança que irá refletir seus valores, seus direitos e suas obrigações primeiro na família, na escola e, posteriormente na sociedade.

A criança precisar aprender desde cedo a lidar com as frustrações, com os “nãos” que a vida oferece. O papel das frustrações no desenvolvimento infantil é muito importante.

Muitos pais desejam dar aos filhos tudo o que não tiveram e poupa-los de todas as dificuldades que tiveram que passar.

Mas quando poupamos nossos filhos das frustrações, eles crescem com dificuldades em lidar com a vida, com as impossibilidades, com as diferenças e com as relações, o que será um grande prejuízo em todos os estágios da vida.

Mas talvez o mais difícil para os pais nesse processo de estabelecer limites seja dizer não, pois muitos se sentem mal, ruins ou culpados.

Pais que amam não são aqueles que cedem em todo tempo e que sempre dizem “sim”. A verdadeira arte está em saber dizer “não”. Somente assim a criança não crescerá acreditando que tem direito a tudo e que pode tudo a todo tempo.

Para a criança obedecer não é fácil ou agradável, mas a obediência vem com mais facilidade quando os pais acreditam que estão fazendo o que devem e quando há firmeza. A criança percebe quando os pais estão inseguros no que dizem e no que fazem e se sentem inseguros também, por isso é tão importante que estejamos conscientes do nosso papel e do desconforto que por vezes teremos que sentir. Ser firme significa falar olhando nos olhos da criança de modo que ela entenda que aquela ordem não será revogada, ou seja, usar nossa autoridade sem autoritarismo e excessos. Alguns pais confundem limites com castigos físicos, o que só piora a situação, tornando as crianças mais agressivas e raivosas.

O “não” traz frustração e a frustração traz raiva, é natural. Mas é importante que os pais estejam prontos para acolher a criança e a ajuda-lá a lidar com aquela emoção, não cedendo aos choros, birras e pedidos dos filhos para voltar atrás na decisão. Quando os pais acabam cedendo, a criança aprende o que ela precisa fazer para conseguir o que quer e ira repetir esse comportamento toda vez que houver um não.

Ainda que a criança faça de tudo para ter seu desejo atendido, ela se sentirá segura tendo pais que demonstram que sabem o que estão fazendo, que aquela ação não é uma punição, e que é o melhor naquele momento. A criança precisa entender porque isso ou aquilo pode ou não ser feito, esse entendimento gera a consciência.

Os limites são importantes, dão contorno para a criança e devem ser vistos como uma prova de amor, mesmo que ocasionalmente causem dor. Os limites ajudam a criança a crescer segura.

Na maioria das vezes os pais procuram a melhor forma de educar seus filhos, fazendo o melhor que podem e muitas vezes se sentem culpados quando não conseguem colocar em prática o que acreditam ser o melhor. É preciso lembrar que não existem manuais de como criar um filho e cada criança é única.

Como não existe fórmula pronta, as famílias estão em constante busca por alternativas, mas poucas conseguem educar os filhos com limites, muitos pais esbarram no sentimento de culpa, fecham os olhos para a razão e os filhos crescem indomáveis, desconhecendo o que é limite e respeito.

No momento de agir muitos pais pecam por acreditar que amor é fazer todas as vontades do filho e que liberdade é sinônimo de criança feliz.

Para educar e formar uma criança é necessário delimitar espaço, definir papéis, gerar consciência e não abrir mão de coisas fundamentais.

Cabe a nós pais, preparar nossos filhos para enfrentarem os desafios da vida através da formação da personalidade, do caráter, e do conhecimento das regras de convivência, os ajudando a respeitar limites e o espaço do outro, e esses são valores gerados exclusivamente e primordialmente no seio da família.

Por fim, limite é dizer ‘sim’ sempre que possível e dizer ‘não’ quando necessário”, é saber conviver com a frustração e saber adiar satisfações.

Os pais devem ser a rota para que os filhos caminhem, cresçam e se desenvolvam, em meio a carinho, calor humano e sentimento de pertencimento. Nesse confronto entre o maduro e o imaturo, entre a experiência e a inexperiência, entre momentos de tensão e momentos de carinho é que a vida acontece e os laços se estreitam.

Formar a personalidade é um desafio, um grande e doce desafio.

Diante desse desafio, nós pais podemos nos sentir impotentes, desnorteados e sem saber o que fazer. Nesses casos, buscar ajuda de um psicólogo que possa auxiliar com conhecimento profissional é muito importante.

Com carinho,

Fátima Aquino

Psicóloga Clínica

Fátima Aquino

Fátima Aquino

Fátima Aquino - Psicóloga Clínica - CRP 04/45482, Pós graduação em Psicanálise e em Terapia Familiar

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