A construção da identidade é um processo complexo que tem início desde quando nascemos (talvez antes disso) e que continua a se desenvolver ao longo de toda nossa vida.
Na psicologia, a identidade envolve todo o processo pelo qual a pessoa cria uma imagem de si mesma e que busca responder a seguinte questão: Quem sou eu?
Essa imagem de si mesma, vai se transformando mediante as fases e as experiências que cada uma de nós experimenta e é refletida de uma maneira muito clara quando observamos o desenvolvimento evolutivo de cada pessoa.
O bebê, desde a sua gestação, não tem consciência da existência de si mesmo, mas se relaciona primeiramente com sua mãe e posteriormente com seu corpo e suas sensações. Aos poucos, o bebê começa a tomar consciência de sua existência e da existência do outro e vai incorporando conhecimentos ao seu redor.
Durante a infância ele continua tendo experiências de relacionamento com a família, com a escola e com todo contexto sociocultural, que o levarão a continuar construindo crenças em torno de quem ele é, de quais são suas características, de quem são os outros e como funciona o mundo ao seu redor.
A adolescência é o ponto alto na construção da identidade por ser o momento em que a pessoa reelabora conscientemente sua experiência de vida. É tida como uma fase de reelaboração de tudo o que vivemos na infância e é quando reeditamos a imagem que temos de nós mesmas de uma forma muito intensa e particular, o que vai se manifestando através de nossas escolhas políticas, religiosas, de comportamentos, da busca por determinados esportes, por alguma área de estudo e profissionalização, entre tantas outras opções ou escolhas para a nossa vida.
A construção da identidade não para. É um processo dinâmico, vivo e continuo.
Porem, a criação da identidade sempre é definida com base em dois aspectos gerais:
A relação comigo mesma e a relação com seu ambiente.
Desenvolvemos nossa identidade e o conhecimento do nosso ambiente a partir da experiência com nosso próprio corpo, do contato com nossas emoções e desejos e da forma com que elaboramos nossas experiências internas.
A relação com nossa família, com a escola, com nosso ambiente sociocultural, nos proporcionam uma outra série de experiências que servirão para fornecer novos dados na criação e desenvolvimento do conceito da nossa identidade, ou seja, de quem somos.
Assim vamos realizando um complexo trabalho de elaboração de todas as nossas experiências de vida e a partir dessas experiências vamos construindo uma imagem de nós mesmas.
A construção da identidade é um processo multifatorial, onde as experiências de vida vão criando quem somos e que vai condicionar ou influenciar todas nossas experiências posteriores. Por exemplo, o grupo a que pertencemos, a família, os amigos, ajudam a definir nossas crenças e nossos valores. A escola que estudamos também oferece determinados conteúdos que moldarão nossa identidade.
Dessa forma, o processo de definição de nós mesmas é condicionada pela experiência que temos com os outros e, em muitas ocasiões, a imagem que nossa família, a escola ou nossos colegas têm sobre nós, o que vai condicionar muito do que, finalmente, interiorizamos como o que ou quem realmente somos.
Quando a percepção que vem do exterior sobre nós é parecida ao que surge de nossas próprias sensações internas, a identidade tende a se constituir como uma base segura e saudável. Quando a imagem que vem do exterior para nós não se encaixa na nossa percepção interna, geralmente acontece uma luta interna entre o que a pessoa “acredita que é” e o que “sente que é”.
Nesses casos, quando ocorrem experiências críticas da vida como as mudanças de ciclos de vida, as rupturas sentimentais, os luto, entre outros, essas pessoas sofrem desagradáveis crises de identidade que só serão superadas ao serem revisadas as suas crenças e os valores que sustentam a sua identidade, reelaborando sua imagem a partir de idéias mais reais e positivas de quem realmente somos.
Diante disso deixo aqui uma frase de Rubem Alves para reflexão. Ele disse:
” Eu não sou, eu estou sendo.”
Segundo ele, não somos um projeto acabado e fixo, mas somos o que somos, como conseguimos ser.
Seja você, seja mutante e dinâmica, mas conserve a base que te mantém lúcida e saudável para continuar se desenvolvendo e crescendo.
Com carinho,
Fatima Aquino
Psicóloga Clinica