Conheça a neuropatia diabética que afeta os pés e chega de forma silenciosa.
Olá, queridas leitoras! Sabia que os pés diabéticos merecem especial atenção? As complicações que vem pelo diabetes são a principal causa de redução de qualidade de vida e incapacidade, podendo afetar diversas áreas do corpo. Mas antes, um esclarecimento:
Diabetes Tipo 2
O Diabetes Mellitus é um distúrbio metabólico caracterizado por hiperglicemia persistente, que vem da deficiência na produção de insulina ou na sua ação, ou em ambos os mecanismos, o que gera complicações a longo prazo.
Pé de Charcot
A Neuroartropatia de Charcot, osteoartropatia de Charcot ou Pé de Charcot é uma doença degenerativa crônica, não infecciosa, progressiva, agressiva e incapacitante, associada à polineuropatia insensível e silenciosa. Caracteriza-se por desarranjos e destruição osteoarticulares extensas, com alterações da arquitetura e da função do tornozelo e do pé (KUCERA; SHAIKH; SPONER, 2016).
É comum encontrar o Pé de Charcot em pacientes acima de 50 anos de idade, com Diabetes Mellitus tipo 2 de longa duração e em pessoas mais jovens portadores de Diabetes tipo 1. O que torna ainda mais importante o diagnóstico precoce, para que as medidas necessárias sejam tomadas o quanto antes.
Como saber se tenho Pé de Charcot?
Mesmo a neuroartropatia de Charcot sendo conhecida há mais de 300 anos, seu diagnóstico continua sendo complexo e delicado.
Algumas doenças precursoras do Pé de Charcot são: Hipertensão arterial sistêmica, Diabetes Mellitus, Hanseníase, doença arterial periférica, neuropatia sensitivo-motora, obesidade, ulceração nos pés e injúria renal. (LASALLE VIGNOLO, 2022). Além disso, outros fatores de risco estão presentes, como: a ulceração, a amputação e a hemoglobina glicada elevada.
O paciente pode apresentar Pé de Charcot nos estágios Agudo e Crônico. Na fase aguda ou ativa, o diagnóstico é desafiador, detectando a presença de sinais inflamatórios (hiperemia, edema e hipertermia). Além de poder apresentar infecção, dor e pele seca. (DURGIA, 2018).
Na fase crônica ou inativa é considerada uma fase avançada da doença onde há elementos como fraturas, luxações e subluxações, associadas a deformidades osteoarticulares graves do tornozelo e do pé (osteófitos proeminentes), neoformação óssea, com áreas de pressão anormais que podem evoluir para calosidades, ulcerações e amputação.
Tratamento para Pé de Charcot
O tratamento é pouco conhecido e difundido no nosso meio. Por isso, falamos sempre em prevenção. No caso do diagnóstico já realizado atuamos principalmente na cicatrização e prevenção de úlceras e infecções.
Como medidas preventivas, recomendamos olhar com cuidado todos os dias para os pés. Prestando atenção em mudanças de cores, temperatura e umidade da pele. Reforçamos também o uso de sapatos confortáveis e fechados, além do controle da glicemia.
Além disso, é recomendado verificar sinais de neuropatias e desgaste muscular, presença e condição dos pulsos poplíteos e podais, pele ou unhas em más condições, presença de cicatrizes por úlceras ou cirurgias prévias e insuficiência venosa.
Avaliação com Podólogo
Sim, a podologia é uma excelente parceira nesses casos! Quando falamos aqui que cuidamos de pés diabéticos, o fazemos em qualquer estágio.
Por isso, ao procurar um podólogo, fique atento: o profissional deve prestar atenção à presença de hiperceratose, infecções prévias, deformidades, calçados utilizados e, se presentes, avaliar por completo as úlceras. Esses fatores são importantes para um diagnóstico correto e direcionamento dos cuidados. A prevenção é elementar, por isso, caso você observe pequenos ferimentos, úlceras, escoriações nos pés e bolhas muito frequentes, recomendamos a visita a um bom profissional.
Orientações gerais de cuidado
Os nossos pés merecem cuidado! Prefira unhas mais curtas, sem pontas. Evite temperaturas extremas, isso pode prejudicar a sensibilidade dos pés. Depois do banho, seque bem os pés, entre os dedos, com uma toalha macia, isso evita infecções por causa da umidade.
É possível ter diabetes e manter a qualidade de vida! Tendo conhecimento da doença, atuando no controle glicêmico, dieta e medicamentos adequados, além da integração social e atividades físicas orientadas.
Por fim, podemos ver a importância de uma equipe multidisciplinar acompanhando e orientando os pacientes, para evidenciar os fatores preventivos às possíveis complicações, caso não haja um tratamento individualizado e apropriado.
Na última década, acompanhamos a melhora no cuidado com as extremidades inferiores das pessoas com diabetes. Mas a chave do sucesso é a prevenção: higiene, uso de calçados adequados e inspeção diária dos pés.
Na minha experiência e vivência com pacientes diabéticos vejo a crucial diferença de seguir as recomendações e cuidados. Aqueles pacientes que seguem as orientações mantém uma boa qualidade de vida e sem sofrimentos demasiados. Entretanto, os que por algum motivo ignoram as condições especiais que têm, apresentam frequentes podopatias e patologias agregadas. Por isso, reforço novamente a importância do diagnóstico prévio e digo que vale a pena sim seguir as orientações e contar com bons profissionais, construindo uma rede de apoio e orientação interdisciplinar.
Espero ter ajudado vocês! Nos vemos em breve.