Ultraprocessados e Obesidade

Um estudo feito nos Estados Unidos nos trouxe estimativas do impacto do consumo de alimentos ultraprocessados no risco de obesidade.

O embasamento foi feito nos dados de 3.587 jovens de 12 a 19 anos, onde foram divididos em três grupos de acordo com a quantidade consumida dos ultraprocessados. Comparando os que mais ingeriam ultraprocessados (aproximadamente 64% do total consumido na alimentação) com os que comiam menos (média de 18,5%), foi observado que os jovens do primeiro grupo tinham 45% a mais de chance de obesidade e 63% a mais de chance de gordura visceral, um dado preocupante, pois esta condição está relacionada com o desenvolvimento de diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemia, doença arterial coronariana, e aumento do risco de mortalidade.

Esse estudo, foi pioneiro na associação do processamento dos alimentos industrializados com a pandemia de obesidade originada nos Estados Unidos nos anos 1980 e que, no século 21, atingiu a maioria dos países do mundo. Foi a partir desse trabalho que lançaram as recomendações do Guia Alimentar para a população brasileira de 2014, o qual traz a recomendação do consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e evitar os ultraprocessados.

Os alimentos e bebidas ultraprocessados possuem aditivos químicos (corantes, aromatizantes, emulsificantes e espessantes) com o intuito de melhorar as características sensoriais dos produtos. A maior parte possui alto valor energético e quantidades altas de gordura e açúcar, algo diretamente ligado ao ganho de peso. Devemos nos atentar também aos alimentos rotulados como “de baixa caloria”, mas que podem interferir na perda de peso por fatores que vão além da composição nutricional, como a sinalização de saciedade do organismo ou modificando a microbiota do intestino.

Na pesquisa do estudo, a dieta dos adolescentes foi avaliada pelo Recordatório Alimentar de 24 horas. A partir deste, eles foram divididos em três grupos. O primeiro grupo com os jovens que consumiam até 29% do total de gramas da dieta em ultraprocessados. No segundo, aqueles para os quais esse percentual variou entre 29% e 47% e, no terceiro, aqueles com valores acima de 48%. Foram avaliados os dados antropométricos de todos os participantes – peso, altura e circunferência da cintura. O risco de obesidade total foi estimado com base no IMC.

Mesmo que o arroz com feijão ainda seja a base da alimentação brasileira, um estudo divulgado pelo Ministério da Saúde revelou que o consumo de ultraprocessados é frequente no país até mesmo entre crianças com menos de 5 anos: mais de 80% dos indivíduos nessa faixa etária fazem uso regular. O consumo desses produtos substitui os alimentos in natura ou minimamente processado em uma fase em que os hábitos alimentares estão sendo formados. A exposição das crianças e adolescentes a esses alimentos obesogênicos representa uma verdadeira programação para problemas futuros de saúde.

Portanto, devemos controlar a exposição dos jovens à esse tipo de alimentos e conscientizar os consumidores, tanto os pais, quanto os filhos. Estratégias como restrição de publicidades, regras de rótulos mais legíveis quanto aos malefícios de certos alimentos, e mais informações sobre escolhas alimentares saudáveis.

Luisa Chioato

Luisa Chioato

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