Você já ouviu falar de “Comfort Food”?

Se você ainda não ouviu esse termo “americanizado” eu já te adianto a minha definição: comida de mãe. 

Se você procurar pela definição concreta de o que é uma “comfort food” você certamente vai achar algo como: “comida afetiva”, uma comida que traz emoções positivas, que traz boas lembranças para quem se alimenta, comida simples, gostosa.

Eu tenho várias “comfort foods” na minha vida, tenho o bolo de fubá e o tutu de feijão da minha avó Maria, tenho o arroz com brócolis e o caldo que a minha mãe faz, tenho o frango caipira do meu pai, o mingau de maizena da minha bisa, e o pavê de Natal da minha avó Euza.

Todos esses são pratos extremamente simples, feitos com muito amor e carinho, pratos que só tem esse gostinho especial porque me lembram de pessoas especiais, e momentos únicos que vivi com elas. 

Recentemente eu perdi a minha avó, ela se foi no Natal passado, e coincidentemente a receita que mais me lembra ela, é um clássico pavê de Natal. 

Foi na casa dela que a minha paixão por aprender mais sobre cozinhar começou, além do livro enorme de receitas que ela tinha, na biblioteca tinha uma coleção de livros da culinária francesa, cada livro com um tema específico, de peixes, carnes, massas, sobremesas, etc…com pratos, técnicas, e por horas eu me via sobre a mesa de madeira da copa, debruçada sobre esses livros, lendo e imaginando como eu faria cada um daqueles pratos. Até que chegava a hora do lanche e a vovó e a bisa faziam questão de ter uma mesa cheia de quitandas, rosquinhas, pão de queijo, pão com requeijão, leite quente, e a gente lanchava usando aqueles conjuntinhos de pratinhos de vidro alaranjados…


Mas o momento mais esperado por mim era a famosa ceia de Natal, a família se reunia, todo mundo na cozinha, a carne assando por horas, e a vovó ia fazer o tal do pavê, eu ficava doida pra fazer junto com ela, e acredite, comer o pavê no final nem era a melhor parte. O melhor era mesmo acompanhar cada passo do processo, aprender como ela fazia e claro, e claro, raspar o resto das panelas e lamber a colher no final. 

E hoje, mais de 20 anos depois… toda vez ao provar um pavê, com bolacha champagne, creme de confeiteiro e pêssegos em calda, eu me sinto ao lado dela outra vez…apoiada na bancada da cozinha, esticando meus pezinhos para conseguir enxergar o preparo, pedindo para lamber a colher que ela usou para misturar, eu me sinto feliz, abraçada, amada, e de alguma forma eu mato um pouco da saudade que sinto de ter um momento com ela outra vez. 

Eu espero que a próxima vez que você comer a sua “comfort food”, você possa fechar os olhos, aproveitar o seu momento revivendo esse mar de lembranças e emoções, e quando voltar dessa viagem, ter a oportunidade de dar um grande abraço em quem te marcou.

Em homenagem a minha querida vovó Euza, a receita do pavê de Natal:

Ingredientes:

  • 3 gemas 
  • 1 lata de leite condensado
  • 2 medidas da lata de leite use a lata do leite condensado vazia para medir
  • 3 colheres de sopa de amido de milho
  • 1 colher de sopa essência de baunilha
  • 3 colheres de sopa de açúcar
  • 1 lata de pêssego em calda
  • 1 pacote de bolacha champagne

Modo de Preparo:

Em uma panela, misture as gemas, o leite, o leite condensado, o amido de milho e a essência de baunilha.

Leve ao fogo médio, mexendo sem parar até engrossar. Reserve até esfriar com um plástico filme em contato com creme para não criar uma película.

Separe a calda do pêssego em calda e pique-o em quadradinhos.
Reserve a calda.

Em uma travessa média, faça uma camada de bolachas champagne levemente umedecidas na calda do pêssego (2 segundos) e coloque uma camada de creme, e uma camada do pêssego.

Repita as camadas, finalizando com uma camada de creme.

decore com lâminas do pêssego em calda.

Leve à geladeira por, no mínimo, 3 horas antes de servir.

Julia Paniago

Julia Paniago

Minha arte é cozinhar. Amo uma vida saudável, mesmo que as vezes me deixo levar pelas calorias, sou agrônoma de formação, mas isso é muito raso né… Hoje moro nos Estados Unidos, trabalho em um projeto fantástico que apoia o desenvolvimento da cadeia produtiva de soja na África e meu sonho é explorar o mundo e suas culturas… Se você ama receitinhas e quer cozinhar melhor, já me segue aí e vem ver um pouquinho mais da minha vida na gringa.

Posts Relacionados

Viagem para Argentina: como trocar moeda?

Completando um ano da Revista Revolution, venho trazer um tema bemimportante para os viajantes diretamente das terras argentinas para facilitar

Pés Diabéticos e seus cuidados 

Olá, pessoas lindas! Como estou feliz de estar aqui novamente. Nessa edição, vamos falar sobre os cuidados com pés diabéticos,

Mulheres na história

Pensarmos sobre “mulheres na história” nos ajuda a pensar em nós por outros pontos de vista e de outras formas.

Ele não esquece

Você não está pulando de alegria, nem chorando como uma criança, está apenas extasiada. Há muito para dizer, mas as

MATERNIDADE E OUTUBRO ROSA

Outubro Rosa e maternidade se entrelaçam de maneiras profundas, especialmente no que diz respeito à conscientização e apoio às mães

Todo mundo influencia, mas como?

Vivemos em uma era onde cada um de nós é um potencial influenciador. Com as redes sociais, nossas opiniões, gostos