Por que precisamos falar de Empreendedorismo Feminino?

Muitas pessoas me perguntam: Bruna, por que precisamos falar de empreendedorismo feminino? E a resposta é simples e complexa ao mesmo tempo.

Pelo mesmo motivo que ainda precisamos falar de todas as minorias, muito embora, não sejamos minoria. Vou te apresentar alguns dados, e aí depois de lê-los, você me diz o que acha, pode ser?

– No Brasil, 3 em cada 10 homens admitem que se sentem desconfortáveis em ter uma mulher como chefe – Atitudes Globais pela Igualdade de Gênero 

– 74% das mulheres nos EUA, Reino Unido, Brasil, México, Índia e China, dizem que ainda veem o preconceito e a discriminação como barreiras na busca de novas oportunidades de trabalho – Pearson 

– 77% das mulheres têm preocupações e encontrar um emprego que lhes paguem o suficiente para sustentar a si mesmas e suas famílias – Pearson

– Apenas 42,7% de mulheres aparecem entre os empreendedores consolidados, enquanto os homens dominam 57,3% – Global Entrepreneurship Monitor

– Apenas 0,2% das empreendedoras brasileiras são sócias de grandes empresas – Serasa Experian

– Quanto maior a posição dentro das organizações, menor é a participação feminina, sendo apenas 13,9% da diretoria corporativa – Fórum  Econômico Mundial

– Mulheres em cargos de liderança recebem 60% a menos do valor conferido aos homens, já para mulheres pretas a situação é ainda pior e a remuneração é equivalente a 40% – OIT

– O Brasil tem um dos piores índices de equidade salarial na América Latina – Fórum Econômico Mundial

– Mais de 70% das empresas tiveram um aumento de 5% a 15% nos lucros ao investir em contratação de lideranças femininas 

É por causa desses números que precisamos falar de empreendedorismo feminino, quando esses números não existirem mais, quando nossos números forem iguais, quando tivermos espaço igual, então poderemos falar somente sobre empreendedorismo. O foco é  exatamente esse, poder falar somente sobre empreendedorismo sem precisarmos detalhar qual deles. Empreendedorismo, somente.

Escolhi esse tema em particular para a Edição Especial de um 1 ano da Revista Revolution porque é um tema que, embora seja muito falado, é pouco problematizado. Falar do feminino, da mulher, das chamadas “minorias”, embora eu mesma não goste do termo, se tornou para muitos um “vitimismo”, mas não tem como tratarmos como “vitimismo” causas que, de fato, tenham vítimas.

Não quero fazer uma abordagem do feminino, nem da causa da mulher, sob uma perspectiva vitimista, mas não é tão fácil fazer uma abordagem do ponto de vista da protagonista também. Embora sejamos protagonistas da nossa história, ainda vivemos grandes lutas que nos impedem de protagonizar como gostaríamos. Mas, esse tema é bom e extenso, por isso, tratarei sobre ele em outro momento.

Fato é que ainda temos números assustadores, mas eles estão melhorando, e vão melhorar cada vez mais, porque não desistimos de conquistar nossos espaços e de ocuparmos os lugares que sonhamos. Então, eu espero que muito em breve possamos falar de empreendedorismo pura e simplesmente.

Muitas vezes, no nosso dia-a-dia não nos damos conta do quão real esses números são, mas, eles são, eles estão aí sendo vividos pelas mulheres todos os dias. Por isso precisamos falar de empreendedora feminino, para lembrar que esse espaço também é nosso, que também podemos ocupa-los e conquista-los, que podemos ser protagonistas do mercado também, que queremos ser reconhecidas pelas nossas competências, habilidades e resultados.

Falaremos de empreendedorismo feminino até quando for necessário, até quando precisarmos mudar nossa realidade e espero que seja breve.

Para todas vocês que nos acompanharam nesse último ano, quero que saibam que fazem parte da história que a Revolution está construindo e que acreditamos que todas nós podemos ter a voz que quisermos, queremos te ver usando a sua.

Bruna Thalita

Bruna Thalita

Bruna Thalita tem 27 anos, e tem se descoberto uma mente multipotencial. É advogada, historiadora por formação, empreendedora desde muito nova e escritora por paixão e necessidade.

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