O que ninguém te conta sobre o “não tão fantástico” mundo do empreendedorismo

A lógica é mais ou menos assim: você abre o Instagram e vê algum empreendedor falando sobre como é bom ter liberdade financeira, geográfica e de tempo, e que poder trabalhar de qualquer lugar do mundo, a hora que você quiser e ganhar bem é algo que todo mundo pode viver se quiser. O próximo story é de uma empreendedora que começou a pouco tempo mas acabou de fazer várias vendas para a sua empresa e posta as várias sacolas que logo serão enviadas para os seus clientes. E no outro, é alguém agradecendo ao universo por tudo estar dando tão certo, enquanto alguém a filma dirigindo uma MBW (que não é dela).

E aí, aqui, algumas coisas podem acontecer:

  1. Você pode se inspirar e começar a se esforçar ainda mais para conquistar os seus sonhos e algum dia ser você fazendo aquele post;
  2. Você pode olhar para o seu momento agora e perceber que empreender mais parece um completo caos do que uma grande alegria e prazer, e então duvidar que um dia você poderá viver tudo aquilo que viu nos posts de pessoas que você nem conhece, e também não sabe o caminho que percorreram.

Ainda, poderíamos pensar em vários outros cenários. A grande verdade é que empreender é um caminho solitário e uma trajetória que somente você conhecerá por completo a sua própria. Não dá para comparar nada. É igual maternidade, cada mãe é única, cada filho é único e qualquer comparação pode ser um fardo muito doloroso. Sua família e amigos podem até ver um pouco, mas também não saberão contar a história por completo, essa história é sua.

Sempre que alguém que me diz quer empreender, eu pergunto, sem medo algum: você tem certeza?

Porque, sinceramente, é uma delícia e um peso que só você poderá medir se agüenta ou não.

Você vai acordar antes de todo mundo (até poder acordar a hora que quiser); você vai dormir depois de todo mundo (até encontrar um equilíbrio e entender que em algum momento do dia você precisa parar de trabalhar); você não vai ter tanto domínio do seu tempo, já que vai aparecer pepinos do nada e você será o único responsável por resolvê-los; você vai perder as poucas horas de sono que conseguir ter, pensando em ideias malucas no meio da noite ou cheia de preocupação com todas as responsabilidades do dia seguinte. Você também não terá mais tanta disposição para os roles e resenhas, já que a sua energia está focada em outro lugar, talvez você comece a achar o papo de alguns dos seus amigos chato demais. Você vai descobrir que aquela pessoa que você priorizava tanto, não vai te apoiar tanto quanto você esperava e que alguns amigos, nem são tão amigos assim.

Mas, um dia (que eu te juro, não vai ser de uma hora pra outra) você vai olhar para os caminhos que percorreu e o seu único sentimento será de muita gratidão por tudo que viveu e por ter conquistado uma força que você não imaginava que tinha, você vai se deliciar no fruto do seu trabalho e vai poder viver do seu sonho, você vai ser mais seletivo com as pessoas e se esforçar para compartilhar suas alegrias apenas com as pessoas certas. Você vai se reinventar e descobrir que o impossível só existe para quem não levanta e faz, porque mesmo que demore um pouquinho, todos nós podemos viver a realidade daquilo que já nos pareceu impossível.

Dia desses alguém me disse: Bruna, você nos anima e nos desmotiva a empreender na mesma frase. E a única resposta possível seria: é para você ver que a roda-gigante do empreendedorismo é mais louca do que parece, é mais como uma montanha-russa, estar no alto ou embaixo é questão de fração de segundos.

Não quero te desmotivar, mas não quero ser irresponsável a ponto de te iludir dizendo que empreender é um universo fantástico onde tudo se encaixa e dá certo. A maior verdade é que para você ver um sonho se realizar, vai precisar passar mais tempo fazendo o que não gosta, aprendendo a lidar com as suas emoções e superando fracassos até que finalmente você possa passar mais tempo fazendo e vivendo o que você realmente quer.

Então, venha empreender é maravilhoso, mas não tem pônei rosa do lado de cá!

Bruna Thalita

Bruna Thalita

Bruna Thalita tem 27 anos, e tem se descoberto uma mente multipotencial. É advogada, historiadora por formação, empreendedora desde muito nova e escritora por paixão e necessidade.

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