Uma doença tão falada, por vezes banalizada, está cada dia mais ao nosso redor, na nossa família, trabalho ou na roda de amigos, sempre tem alguém pra contar sobre o que viveu ou sobre as pessoas que conheceu e passaram/passam por isso.


Precisamos desmistificar a depressão e falar mais vezes sobre a realidade do que é, e de como é viver com a depressão , para que possamos ser cada vez mais apoio ao outro e também a nós mesmos.

A depressão não surge devido apenas a um fator. Há interferência de fatores genéticos, e estudos dizem que esse fator tem muito peso dentro do diagnóstico de depressão. Eventos da vida como traumas, luto, ter tido uma infância difícil e como a pessoa lidou ou com isso, pode ser também um fator desencadeante. 

Questões físicas como deficiência de substâncias cerebrais e neurotransmissores que afetam todas as nossas atividades motoras como sono e apetite, quando não estão nos níveis ideais afetam o nosso sistema. Episódios de risco, como uso de álcool e drogas, alguns medicamentos, disfunção hormonal, doenças cardiovasculares, conflitos familiares , mudanças muito bruscas, desemprego, tudo isso para quem já tem uma predisposição genética contribui para o desenvolvimento da depressão. 

A depressão é sentida e vivida de formas diferentes por cada pessoa. Mas no geral alguns sintomas frequentes que posso citar são : perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas, uma grande dificuldade em fazer coisas cotidianas como levantar da cama, tomar banho e escovar os dentes. Intenso desânimo e cansaço mental, visão distorcida da realidade, de forma negativa, não conseguindo visualizar oportunidades ou coisas boas que aparecem durante os dias, tudo se torna um peso, um problema ou simplesmente é indiferente. Por vezes essa pessoa tem pensamentos de morte, pois não encontra solução para o que sente, seja esse sentimento de dor ou vazio. 

Conviver com uma pessoa depressiva pode ser angustiante, o outro se encontra em um lugar muitas vezes de frustração por buscar ajuda-lo e por fim não conseguir como gostaria. Essa companhia e essa ajuda, por vezes é muito pouco sobre o que podemos fazer e mais sobre como podemos estar com essa pessoa. Ser escuta e acolhimento, estar disponível emocionalmente e presencialmente, sem julgamentos ou críticas, validando o que o outro relata sentir, pois o fato é que nunca saberemos o tamanho da dor do outro. Procurando sempre orientar a buscar uma ajuda profissional e estar disponível para fazer pequenos movimentos prazerosos como uma comida preferida, uma música, um filme, e qualquer coisa que antes tinha prazer para o outro, pois cada pequeno passo nesse momento, é um ar de vida.

Vai muito além do que somente querer sair desse estado, como disse nos parágrafos acima, há muita coisa contribuindo para isso, infelizmente o desejo de melhora frente a tantos fatores pode ser algo muito pequeno. Precisamos pensar em mente, corpo e meio em que essa pessoa está inserida. Como ela está vivendo isso e também há quanto tempo, para que assim possamos iniciar um tratamento adequado.

Outra forma de cuidado muito importante é a atividade física, algo que é bom em todos os momentos da nossa vida, não deixaria de ser agora. Fazer atividade física ajuda na produção dos hormônios do bem estar, que estão bloqueados no organismo de uma pessoa que sofre de depressão. Isso auxilia muito no tratamento e na qualidade dos seus dias, que parecem ser sempre nublados e sem graça. 

A depressão é tratável, precisa de ajuda profissional e muitas doses de amor e compreensão das pessoas ao redor. Após o tratamento, a pessoa que conseguiu passar por essa etapa terá desenvolvido ainda mais força, resiliência e encontrado ferramentas internas incríveis , que antes não se via na necessidade de procurá-las. É um caminho difícil, cuidar de sentimentos tão profundos, desconhecidos e doloridos , mas ao final desse percurso perceberá em si mesmo força e coragem, conseguindo ver ainda mais possibilidades para a vida.

Não desista, ajude o outro a não desistir.

Se você está com depressão ou conhece alguém passando por isso, indique também o 188. 

Você pode conversar com um voluntário do CVV ligando para 188 de todo o território nacional, 24 horas todos os dias de forma gratuita.Aqui, como em qualquer outra forma de contato com o CVV, você é atendido por um voluntário, com respeito, anonimato, que guardará estrito sigilo sobre tudo que for dito. Nossos voluntários são treinados para conversar com todas as pessoas que procuram ajuda e apoio emocional. “ Fonte: https://www.cvv.org.br/ligue-188/

Maria Emília Campos

Maria Emília Campos

“ Maria Emília Oliveira Campos. Uma mineira vivendo no interior de São Paulo. Psicóloga Clínica há 6 anos. Amo falar sobre relações; relação com o mundo, com o outro e consigo mesmo. Sou apaixonada pela mente humana e pelas incríveis e assustadoras capacidades que ela tem. E venho aqui compartilhar um pouco do pouco que eu sei, para que juntas possamos ser muito.”

Posts Relacionados

Amar e se cuidar.

Outubro Rosa e todas as atenções voltadas para a prevenção e o cuidado do câncer de mama e também o

Ele não esquece

Você não está pulando de alegria, nem chorando como uma criança, está apenas extasiada. Há muito para dizer, mas as

MATERNIDADE E OUTUBRO ROSA

Outubro Rosa e maternidade se entrelaçam de maneiras profundas, especialmente no que diz respeito à conscientização e apoio às mães

Todo mundo influencia, mas como?

Vivemos em uma era onde cada um de nós é um potencial influenciador. Com as redes sociais, nossas opiniões, gostos