Não é nada raro nos depararmos com crianças sendo expostas às redes sociais cada vez mais cedo, e muitas vezes sem a supervisão de seus responsáveis. O objetivo não é dar um veredito de certo ou errado, mas sim refletir sobre os possíveis desdobramentos de hábitos aparentemente inofensivos, mas que têm potencial para desencadear uma série de consequências indesejáveis, porém duradouras.
Será que esse é o novo modelo de infância? Será que tentar controlar, dosar e modificar o excesso de consumo e produção de conteúdo das crianças nas mídias sociais seria adiar o inevitável? Ou seria possível encontrar um ponto de equilíbrio entre o ideal e o excessivo? E se sim, qual seria o ideal?
A questão é essa, muitos pais agem na base da tentativa e erro, tentando não serem “caretas”, ultrapassados e retrógrados demais, nem permissivos além da conta. A verdade é que a maioria foge desses extremos opostos. Acontece que esses conceitos podem ser (e são) relativos.
O fato é que a criança não pode deixar de ser criança, agir como criança e se preocupar apenas com coisa de criança. Se a questão da comparação nas mídias já é uma dificuldade para nós, adultos, imagine os efeitos que pode surtir sobre os pequenos, os quais ainda estão formando suas crenças, a forma como veem o mundo e, principalmente, a forma como enxergam a si mesmos.
Não dá para liberar o livre consumo de tudo o que é postado na internet sem nos indagarmos sobre o que isso pode acarretar na mente das nossas crianças. Com ou sem internet, criança demanda atenção, participação e supervisão. Não adianta o responsável entregar um equipamento eletrônico para ela com a falsa crença de que vai obter sossego e tranquilidade enquanto a criança se entretém na internet, delegando às mídias uma tarefa que seria do próprio responsável.
Uma hora ou outra, a conta chega. Como resultado, vemos adolescentes cada vez mais ansiosos, depressivos, não vendo razões para viver, já que não possuem a vida dos sonhos “vendida” na internet. E esse é só um dos inúmeros desdobramentos de uma geração que está crescendo com o celular na mão e olhos na tela.
Talvez seja tarde para mudar a ideia de como utilizamos a internet, mas certamente ainda está em tempo de não deixarmos o excesso desse uso na infância prejudicar o futuro das nossas crianças.