Bebês prematuros tem um risco aumentado de forma notável de psicopatologia na infância e adolescência comparados ao nascimento a termo, com uma relação inversa entre a idade gestacional ao nascer e o risco posterior de psicopatologia.
A expressão dos sintomas e problemas de ajustamento comportamental e emocional neste grupo de alto risco mostraram-se dissemelhante, porém, foi reconhecido um padrão único e consistente de dificuldades emocionais e comportamentais com características presentes no TDAH, no TEA e transtornos de ansiedade, conceituado como o “fenótipo comportamental do prematuro”.
Os bebês nascidos com extremo baixo peso (EBP) são o grupo de prematuros mais suscetíveis a apresentarem problemas de saúde mental ao longo da vida. Uma revisão sistemática e metanálise investigou se o risco de problemas de saúde mental é maior para sobreviventes de EBP do que seus pares com peso normal ao nascer na infância, adolescência e idade adulta. Os 41 estudos contidos nesta metanálise expuseram os seguintes resultados: crianças nascidas prematuras apresentavam risco significativamente maior de sintomas de TDAH dos subtipos desatentos, hiperativos-impulsivos e combinados, comportamento de internalização e externalização, problemas de conduta, problemas sociais e sintomas sugestivos de TEA, aos 5-13 anos de idade. Os adolescentes, de 14a 18 anos, apresentavam vulnerabilidade significativa para os três subtipos de TDAH e problemas sociais, enquanto adultos (≥19 anos) corriam risco apenas de sintomas relacionados à ansiedade, incluindo comportamento de internalização e timidez.
O risco do desenvolvimento de um diagnóstico categórico de TDAH ou sintomatologia dimensional em comparação com controles com peso normal e/ou nascidos a termo foi avaliado em prematuros nascidos muito prematuros ou prematuros extremos e com muito baixo peso e EBP, por meio de revisão sistemática e metanálise. A partir da análise dos resultados de 12 estudos (N = 1.787), foi constatado que nascidos muito prematuros e com muito baixo peso têm um risco aumentado de diagnóstico de TDAH e sintomatologia em comparação com os controles, e esses achados são ainda mais fortes no grupo de prematuros extremos e de extremo baixo peso.
A prematuridade está relacionada a uma alta prevalência de problemas de internalização. Uma metanálise analisou as probabilidades agrupadas independentes de transtornos de ansiedade e depressão em crianças e adolescentes entre 3 e 19 anos de idade nascidos prematuros contrapondo seus pares nascidos a termo e constatou que crianças nascidas prematuras possuíam chances consideravelmente maiores de ansiedade, transtorno de ansiedade generalizada e fobia específica em relação aos seus pares nascidos a termo. Adultos nascidos prematuros com peso inferior a 1500g revelaram mais sintomas internalizantes, problemas de personalidade evitativa em comparação aos adultos do grupo controle nascidos a termo. Esses resultados demonstram que o nascimento prematuro pode constituir um fator de vulnerabilidade precoce com consequências em longo prazo para o indivíduo na idade adulta.