Pandemia e saúde mental das crianças

O ano é novo, 2022, mas a história ainda persiste: pandemia. O isolamento impactou – independentemente da idade – de alguma forma, a vida do seu pequeno. Mas não tinha como ser diferente, de uma hora para outra, a escola, as aulas extras, o parquinho, os passeios foram trocados pelo confinamento em casa e os pais na ameaça de um inimigo difícil de explicar, ele é invisível aos olhos desses serzinhos que tanto querem saber das coisas.

“Mamãe, que dia vou voltar pra escola?”, “Mamãe, quero ver meus amiguinhos!” “Mamãe, você está com coronavírus?”, “Quando é que ele vai embora?”. Acho que em muitas casas essas perguntas têm sido frequentes. E com elas, as mudanças no comportamento também se aliam.

Um estudo chinês, com 320 crianças e adolescentes revelou efeitos psicológicos imediatos da pandemia: dependência em excesso dos pais (36% dos avaliados), desatenção (32%), preocupação (29%), problemas no sono (21%), falta de apetite (18%), pesadelos (14%) e agitação (13%).

Sabemos que a variação se dá pela forma como os pais lidam com a situação, a idade da criança, o contexto social e familiar em que está inserida, o ambiente em que vive e o apoio emocional recebido nesse momento. Qual pode ser, então, uma maneira dos pais terem um impacto positivo na saúde emocional dessas crianças?

Em primeiro lugar, devemos saber e aceitar que as coisas estão diferentes, e compreendermos isso de forma a enxergar nossos próprios sentimentos. Entender que você pode estar ansioso, preocupado e impaciente (o que é aceitável pela situação vivida), e como lidar com isso de forma a dar acolhimento e ter um bom diálogo com seus filhos.

Não podemos nos esquecer da rotina dos pequenos. Eles amam rotina, e ela é muito importante. Devemos manter uma rotina que seja possível e adequada a cada ambiente familiar. Tenha definidas as prioridades e os horários importantes. A rotina traz segurança para a criança, pela previsibilidade, o que ajuda a diminuir a ansiedade e até a irritabilidade.

Um fator muito importante é estar atento as informações que seus filhos consomem. Essas, devem estar adequadas a idade deles e ao entendimento e compreensão para um cérebro em formação. Notícias podem gerar angústia e fazer com que eles fantasiem coisas que podem trazer medo e insegurança. Aqui vale também um anexo para o excesso de telas, que já foi cientificamente relacionado ao aumento da probabilidade de as crianças apresentarem habilidades motoras pobres, inatividade física e diminuição das horas de sono.

Um ambiente de tensão pode ser maléfico. É importante que os momentos de diversão estejam presentes. Momentos de brincadeiras e compartilhas experiencias com os pais trazem alegria e facilitam o dia a dia.

No caso de os comportamentos estarem com prejuízo e atrapalhando as relações familiares, talvez seja necessário procurar ajuda profissional. Relatar esse tipo de percepção, que vai além da desorganização comum nesse momento, pode trazer o entendimento de que a família precise de algum apoio externo.

De qualquer forma, nesse momento, o maior aprendizado é o cuidado uns com os outros, feito com muita paciência e esperança. O acolhimento é imprescindível para os pequenos, e fazer a diferença no mundo começa pela infância.

Luisa Chioato

Luisa Chioato

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