Geralmente a primeira menstruação ocorre por volta dos 10 a 15 anos de idade, podendo variar de acordo com o tempo de amadurecimento de cada corpo. Relembrar esse acontecimento nos coloca frente a nossa adolescência, aquele tempo em que estar um grupo é parte fundamental na construção da nossa identidade. E se tratando disso, a menarca provavelmente era um tema recorrente e cheio de expectativas entre você e as amigas que ainda não haviam passado por isso.
E com certeza esse momento também foi celebrado em suas casas e pelos seus familiares sem você sequer entender muito bem o que significava. Toda essa ênfase tem motivo: é a representação “histórica” da transformação de meninas para mulheres.
Mas esses momentos de que hoje rimos estão longe de representar a realidade de todas. No Brasil, segundo pesquisa realizada pela UNICEF e UNFPA em 2021, 713 mil meninas não possuem acesso a banheiro ou chuveiro em suas casas. Esse número aumenta consideravelmente em relação ao nível de carência de itens básicos para cuidados menstruais nas escolas, como absorventes descartáveis, remédio, saneamento básico e até mesmo informações sobre como lidar de maneira segura com o próprio corpo, chegando a 4 milhões de meninas sem acesso.
Essa escassez de cuidados básicos é responsável por uma grande evasão escolar. Com medo de passarem por um grande constrangimento todos os dias centenas de meninas faltam à escola. Com isso, além da defasagem na frequência escolar, há a privação do convívio social e baixa autoestima visto a sensação de menos valia diante da sociedade, diante da posição de vulnerabilidade social em que se encontram.
Mas esse fato não se restringe apenas às adolescentes. De acordo com Instituto Locomotiva em parceria com a Always, mais de 5 milhões de mulheres já deixaram de ir ao trabalho devido à falta de produtos de higiene menstrual, acarretando em grandes consequências na economia. Na tentativa de contornar a situação, o cenário se torna ainda mais agravante ao fazerem uso de materiais inadequados – como papel, pedaço de tecidos, algodão – podendo gerar infecções, causando ainda mais privações.
Se tratando de uma condição natural do desenvolvimento da mulher, as pesquisas deixam claro que a pobreza menstrual traz prejuízos na educação, economia e na integração social. O manejo menstrual deve fazer parte das políticas públicas e campanhas que ampliem nosso autoconhecimento sobre a menstruação. E, é claro, também podemos fazer a nossa parte. Fique atenta às mulheres que estão perto de você! Um simples gesto de doação pode fazer uma grande diferença na vida de alguém.