O Transtorno Específico da Aprendizagem é um transtorno do neurodesenvolvimento (grupo de condições com início no período do desenvolvimento, sendo caracterizado por déficits no desenvolvimento que acarretam prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional), tem origem biológica, ou seja, inclui uma interação de fatores genético, epigenéticos e ambientais que influenciam a capacidade do cérebro para perceber ou processar informações verbais ou não verbais com eficiência e exatidão.
A característica essencial do Transtorno Específico da Aprendizagem são dificuldades persistentes para aprender habilidades acadêmicas fundamentais com início durante os anos de escolarização formal, que incluem leitura exata e fluente de palavras isoladas, compreensão da leitura, expressão, escrita e ortografia, cálculos aritméticos e raciocino matemático. Pode ter consequências funcionais negativas ao longo da vida, incluindo baixo desempenho acadêmico, taxas mais altas de evasão do ensino médio, menores taxas de educação superior, níveis altos de sofrimento psicológico e pior saúde mental geral, taxas mais elevadas de desemprego e renda menor. Diferentemente de andar ou falar, que são marcos adquiridos do desenvolvimento que emergem com maturação cerebral, as habilidades acadêmicas precisam ser ensinadas e aprendidas de forma explicita. Transtornos específicos da aprendizagem perturbam o padrão normal de aprendizagem de habilidades acadêmicas.
Dificuldades na leitura, escrita, ortografia, podem também ser um impedimento para aprendizagem de outras matérias como: história, ciências, estudos sociais. A dislexia é uma das manifestações mais comuns do transtorno específico da aprendizagem, onde o indivíduo possui dificuldade de aprender a correlacionar letras a sons do próprio idioma, ou ler palavras impressas, e é mais comum no sexo masculino do que no feminino. As dificuldades de aprendizagem são persistentes e não transitórias.
A prevalência do transtorno nos domínios da leitura, escrita e matemática é de 5 a 15% entre crianças em idade escolar em diferentes idiomas e culturas.
O reconhecimento e diagnóstico costumam ocorrer durante os anos do ensino fundamental quando as crianças precisam aprender a ler, ortografar, escrever e calcular. Entretanto, atrasos ou déficits linguísticos, dificuldades para rimar e contar ou dificuldades como habilidades motoras finas necessárias para a escrita costumam ocorrer na primeira infância, antes do início da escolarização formal. Esse transtorno permanece ao longo da vida, mas seu curso é expressão clínica variam, em parte, dependendo das interações entre as exigências ambientais, variedade e gravidade das dificuldades individuais de aprendizagem. Ainda assim, problemas na fluência e compreensão da leitura, na soletrava, expressão escrita e na habilidade com números costumam persistir na vida adulta.
Veja a seguir alguns critérios Diagnósticos, lembrando que somente o conjunto de profissionais multidisciplinar podem fechar um diagnóstico.
Dificuldades na aprendizagem e no uso de habilidades acadêmicas, conforme indicado pela presença de ao menos um dos sintomas a seguir que tenha persistido por pelo menos 6 meses, apesar da provisão de intervenções dirigidas a essas dificuldades:
1. Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta e com esforço (lê palavras isoladas em voz alta, de forma incorreta ou lenta e hesitante, frequente adivinha palavras, tem dificuldade de soletrá-las).
2. Dificuldade para compreender o sentido do que é lido (pode ler o texto com precisão mas não compreende a sequência, as relações, as inferências ou os sentidos mais profundos do que é lido).
3. Dificuldades para ortografar (pode adicionar, omitir ou substituir vogais e consoantes)
4. Dificuldades com a expressão escrita (comete múltiplos erros de gramática ou pontuação nas frases; emprega organização inadequada de parágrafos; expressão escrita das ideias sem clareza).
5. Dificuldades para dominar o senso numérico, fatos numéricos ou cálculo (entende números, sua magnitude e relações de forma insatisfatória; conta com os dedos para adicionar números de um digito em vez de lembrar o fato aritmético, como fazem os colegas; perde-se no meio de cálculos aritméticos e pode trocar as operações).
6. Dificuldades no raciocínio (tem grave dificuldade em aplicar conceitos, fatos ou operações matemáticas para solucionar problemas quantitativos).
As habilidades acadêmicas afetadas estão substancial e quantitativamente abaixo do esperado para a idade cronológica do indivíduo, causando interferência significativa no desempenho acadêmico ou profissional ou nas atividades cotidianas, confirmada por meio de medidas de desempenho padronizadas administradas individualmente e por avaliação clínica abrangente.
Se você percebeu alguma dessas dificuldades, e elas persistirem, procure um acompanhamento com profissionais habilitados para atender essas demandas. Lembrando que são dificuldades que podem atrapalhar a pessoa durante toda a vida, então quanto mais cedo fizer o diagnóstico e iniciar uma intervenção, melhor será a qualidade de vida desse indivíduo.
Fonte: Manual Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos Mentais (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION)