Ao longo do tempo a figura da mulher tem mudado de elemento secundário e ela tem exercido cada vez mais um papel de protagonista.
Embora ainda sofra com as heranças históricas em seu dia a dia, graças às lutas promovidas, a mulher vem conseguindo aumentar o seu espaço nas várias estruturas sociais, assumindo postos de trabalho e cargos importantes em empresas e na política.
Apesar de diversos avanços e da conquista de alguns direitos é preciso difundi-los, para que alcancem todas as mulheres.
Não posso deixar de citar que em 1977 a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou oficialmente 8 de março como o “Dia Internacional dos Direitos da Mulher e da Paz Internacional”. Em 1988, nossa Constituição Federal, reconheceu direitos iguais para mulheres e homens, após décadas de luta, sendo um marco que possibilitou a normatização de vários outros direitos e a proteção das mulheres em muitas de suas vulnerabilidades, podendo ser considerada uma das principais conquista das mulheres.
Dentre as conquistas que vieram após, destaca-se a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), um marco no combate à violência contra as mulheres.
Ao longo da humanidade, homens e mulheres desempenharam papéis sociais muito diferentes e por vários séculos, a mulher viveu em uma cultura patriarcal e machista, onde o seu papel na sociedade era o cuidado com a família, sendo responsável por todo o serviço doméstico e pela educação dos filhos.
8 de março é uma data que visa reconhecer a luta da mulher em todo mundo por direitos básicos como igualdade, revendo conceitos e ações que desvalorizam a mulher e desfazendo da idéia que determina que os valores masculinos são superiores. Essa é uma luta continua e deve ser incessante, já que as raízes dessa opressão se encontram em uma sociedade patriarcal e na desigualdade de gêneros, que desfaz da mulher como um ser igual em valor e que coloca valores masculinos como a força e a racionalidade como superiores e atribui ao feminino, a emoção e a fraqueza como valores menores.
A mulher precisa ser vista na sua unicidade e na sua integralidade e não como alguém inferior, com o objetivo de valorizar o ideal masculino.
É importante pensar essa data não apenas como uma comemoração, com presentes, bombons e flores, essa data deve ser lembrada, tanto pelas mulheres como pelos homens, com o objetivo de discutir o papel da mulher na sociedade atual, num esforço continuo para tentar diminuir o preconceito, a desigualdade e a desvalorização da mulher.
Não podemos negar que já tivemos alguns avanços, porém nós mulheres, ainda sofremos em muitos locais da sociedade, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional.
A mulher desenvolve vários papéis ao mesmo tempo, ela é mãe, filha, esposa, dona de casa, profissional, amiga e mulher, tudo isso em um meio que estimula a busca de muitos objetivos e ela acaba tendo que se dividir entre os filhos, a família, a carreira, a realização pessoal, o relacionamento amoroso, e ainda tem que lidar com pressões estéticas e sociais, ficando muitas vezes, sobrecarregada.
É fato que a inserção das mulheres no mercado de trabalho foi marcada pela dupla jornada, ou seja, além do trabalho nas indústrias, as mulheres mantiveram sozinhas a responsabilidade dos serviços domésticos e da educação dos filhos. Não é demais lembrar que as mulheres, ainda hoje, recebem salários menores que os dos homens cumprindo as mesmas tarefas e ocupando os mesmos cargos. Há ainda muitos avanços a serem conquistados.
8 de março deve ser um lembrete de que ainda há muito o que ser feito já que os problemas são graves e urgentes. Os desafios são muitos e nós, mulheres, precisamos consolidar nosso lugar de sujeito dos nossos desejo e dos nossos direitos.
Para isso é imprescindível que existam espaços que ofereçam ferramentas de empoderamento pessoal e coletivo para as mulheres, e também investimentos do poder público na garantia do direito da mulher. Todo este cenário indica a necessidade da ampliação de políticas públicas no combate a violência contra a mulher e a desigualdade de gênero.
O esforço e significado dessa data deve ser também uma tentativa de diminuir o preconceito e a desvalorização da mulher, que mesmo com todo o avanço que foi conquistado, muito ainda há para ser modificado.
Neste sentido, a luta da mulher é pela igualdade entre mulheres e homens na sociedade, é contra o machismo e o patriarcalismo, é pela liberdade individual, e os homens também deveriam atuar e se engajar nessa batalha junto com as mulheres em busca de uma sociedade mais justa e humana.
Essa é nossa luta, desejo e objetivo.
Feliz Dia Internacional da Mulher!
Com carinho,
Fátima Aquino
Psicóloga Clínica