Muito se fala sobre o ano novo: promessas, esperanças, se devemos comemorar ou não, e a pensamento de renovação que surge em todo final de ano. A palavra amor, aparece em muitas mensagens. Eu, como mãe, preciso afirmar algo importante, inclusive para o maternar: amor não é o suficiente.
Muitas pessoas se amam mas mesmo assim, em função de suas mágoas, são incapazes de exercer esse amor de fato. Amar é ato que necessita de trabalho! Tudo na vida é trabalho, e sentimentos só têm força se houver prática.
Amar é muito mais do que pensam por ai! Amar é louça lavada, mesa posta e casa arrumada. É ensinar, ler livro 80 vezes, é cantar, é dizer não quando precisa, e entender que nem sempre pode andar descalço para não gripar. Ama-se ajudando a escovar os dentes, pentear os cabelos de uma criança, que diz “te amo” por pequenas coisas.
Falar é importante porque há o ato da fala e o da escuta, mas dizer sem agir se esvazia no instante em que a frase acaba. A ação de amar é como um balão sem medidas de carinho dentro da gente: cabe quanto mais fazemos e sentimos.
Houve uma verdadeira corrida para entender o passado em uma tentativa de dar sentido ao presente. O problema é que existe uma grande diferença entre ler e viver. Ler sobre história é simples porque, por mais trágico e terrível que sejam os acontecimentos, já sabemos o final da história, e sabendo o final traz alívio, por mais difíceis que sejam os eventos.
Acontece que viver é justamente uma aposta onde erramos ou acertamos. E mães aprendem, da forma mais difícil, que nunca podem escapar desse jogo. A única certeza na vida de uma mãe é a de errar, mesmo com todos os esforços para fazer tudo certo. Nas broncas e nos carinhos, há uma mãe e seu amor. Amar é delicadeza, e precisamos ser criativas, bondosas, solidárias e ter sempre esperança de dias, ou anos, melhores!
Crianças são grandes incentivadoras do exercício da resiliência. E o ano novo na vida das mães acontece todos os dias. E sempre que achamos que entendemos o que fazer, a idade mudou, a criança cresceu, os desafios, as comemorações e as resoluções são renovadas, assim como a Fênix que ressurge das cinzas. Amar é ato que cansa e transborda, falo muito para novas mamães amigas, que vivemos dois sentimentos ao mesmo tempo, gratidão e exaustão. Maternar é um ato político de amar e cuidar sem escalas ou reconhecimento. Toda mãe sabe lidar com crises e pequenos réveillons dentro de casa.
O trabalho doméstico e o ato de cuidar são temas de extensos debates no anos que se passaram. Não sobra mais tempo para adiar sonhos e projetos e as mães ganharam espaço público para falarem de seus cansaços, de seus sonhos e mostrarem sua importância e força social. Vivemos em tempos de muitas incertezas e, se há algo que se pôde aprender com uma mãe, é que as crises maternas existem, mas são vividas no ato de amar, entre uma lista de compras e a organização do jantar. Pensar nas nossas dores dura alguns segundos durante o esquentar um simples jantar, que comemos no almoço porque não tivemos tempo de pensar em outro cardápio!
Naqueles momentos, com uma colher na mão e com uma trilha sonora do famoso “Mundo Bita”, sofremos, lamentamos e seguimos. Seria fantástico um ano realmente novo em que os verbos “amar” e “maternar” se juntassem e formasse o “amaternar”.
Um ano verdadeiramente novo para uma mãe seria ouvir de todos: vocês não só precisam, mas merecem ser cuidadas de forma igual. Seria perfeito poder deixar essa colher nas mãos de alguém de vez em quando e não precisar pensar no jantas as vezes. E principalmente, que pudéssemos sonhar e ter nossos próprios projetos sem medo de pensar nos julgamentos que sempre ouvimos.
Depois desses anos escuros, em que a pandemia nos mostrou é que cuidado, carinho e colo, são trabalhos diários. Mães escolhem “amatenar” todos os dias, mesmo que exaustas e sobrecarregadas. As pessoas precisam ecercer o ato de respeitar as escolhas feitas pelas mulheres.
Nesse novo ano, o que pode ser realmente, melhor e diferente nesses capítulos, é não só pensar, mas ter empatia com as mães se colocando no lugar delas. Todas nós merecemos um ano com muito amor no nosso maternar!
Dias melhores estão por vir!