A polêmica do Pix e os bastidores políticos

2025 começou a mil!! A Receita Federal do Brasil(orgão responsável pela administração tributária do país) tentou implementar medidas para ampliar a fiscalização sobre movimentações financeiras realizadas via Pix e cartões de crédito.

As operadoras de cartões de crédito e intituições de pagamento passaram a ser obrigadas a informar movimentações financeiras que ultrapassem R$5 mil mensais para pessoas fisícas e R$15 mil para pessoas jurídicas. O governo apontou que o objetivo dessas medidas era combater a sonegação fiscal. No entanto, a iniciativa gerou um descontentamento generalizado de todos os lados.

Os setores alinhados à direita criticaram a medida, argumentando que ela poderia representar uma forma de controle excessivo sobre as transações financeiras dos cidadãos e afetar negativamente a economia digital. Por outro lado, os setores alinhados à esquerda defenderam a ampliação da fiscalização como uma medida necessária para combater a sonegação e garantir justiça fiscal.

Diante da imensa repercussão negativa e da redução significativa no número de transações realizadas via Pix, o governo federal decidiu recuar e revogar a norma. A decisão foi confirmada pelo secretário da Receita Federal, Robison Barreirinhas, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Posteriormente, foi editada uma medida provisória obrigando a equiparação do pagamento em Pix ao pagamento em dinheiro, bem como enfatizando que não incide tributo nessas transações.

E quem foram os protagonistas de toda essa polêmica, estampados em todas as capas de jornais? O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da fazenda Fernando Haddad. Por qual motivo? Vamos entender como funcionam essas decisões?

Vocês lembram que falamos, lá atrás, que a nossa Constituição Federal determinou os poderes, independentes e harmônicos entre si? E que o Poder Executivo é responsável pela administração do Estado? Pois bem.

Esse poder é representado por aqueles que têm funções governamentais e administrativas no Estado: o presidente(nível federal), os governadores(nível estadual), os prefeitos(nível municipal). Aqui ainda temos os ministros(que auxiliam o presidente, tais como Ministro da Fazenda, Educação, Justiça,etc), os secretários estaduais(que auxiliam os governadores) e os municipais(que auxiliam os prefeitos).

A decisão de fiscalização foi uma ação que surgiu do governo federal, mais precisamente do Ministro da Fazenda, que é comandado pelo ministro Fernando Haddad. Como a Receita Federal é um órgão subordinado a esse ministério, foi ela que começou a implementar a exigência de monitoramento de movimentações financeiras.

Quando se trata de políticas fiscais, as decisões são responsabilidade do Poder Executivo, que teve, inclusive, que lidar com a grande reação negativa gerada pela medida. O presidente Lula precisou intervir politicamente para revogar a norma, em função da forte pressão política.

Lula, como presidente, tem a autoridade de intervir politicamente nas ações do Poder Executivo. Ele pode solicitar que o ministro da Fazenda revise ou até revogue normas, por meio de dialógos diretos com os ministros ou utilizando Medidas Provisórias para ajustar rapidamente a política(sem necessidade de passar pelo processo legislativo) – que foi exatamente o que ele fez.

E o que aprendemos com tudo isso? Primeiro: a importância da liberdade econômica? Certamente. Mas aqui, mais importante: a liberdade de pensamento. Poder manifestar insatisfações acerca das decisões do governo é “puro suco” de democracia. E segundo: a influência que as decisões políticas possuem e como o Poder Executivo pode, do dia para noite, impactar em nossas vidas.

Como ja dizia Thomas Sowell, “é difícil imaginar uma maneira mais perigosa de tomar decisões do que deixá-las nas mãos de pessoas que não pagam o preço por estarem erradas”.

Em 2026 saberemos se o preço foi pago ou não. Por enquanto, por aqui, continuamos nos munindo de conhecimento, para, quando chegar a hora, podermos ter subsídios suficientes para fazer uma escolha consciente.

Um beijo cheio de liberdade e até a próxima!!

Juliana Markendorf

Juliana Markendorf

Juliana Markendorf Noda. Advogada e Professora. Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Pós-graduada em Sociologia Política pela Universidade Federal do Paraná. Membro da Comissão de Direito Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Paraná. Membro da Comissão de Direito Digital e Proteção de Dados da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Paraná. Membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político. Presidente do Instituto de Formação de Líderes de Curitiba.

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