O Halloween e o medo que nos habita

Em tempos de Halloween entramos em contato com uma das principais sensações provocadas nesse período, o medo.

O medo é basicamente a maneira que encontramos de nos preparar para algo que representa uma ameaça ou um perigo para nós. 

Nesse caso ocorrem alterações em nosso organismo que buscam aumentar nossas chances num possível confronto, ou seja, nosso corpo se prepara para duas reações: lutar ou fugir.

Quando nos sentimos assim, ameaçadas por algum perigo, real ou imaginário, nosso cérebro libera hormônios como, por exemplo a adrenalina, que acelera nossos batimentos cardíacos, com o o objetivo de nos preparar para enfrentar as situações de perigo.

O Halloweem aparece como um auxilio no enfrentamento dos nossos medos, usando o humor numa tentativa quase desesperada de dissipar os fantasmas que aterrorizam nosso imaginário e que habitam nossa mente e os mistérios não respondidos. Temos que admitir, esses fantasmas nos encantam e nos assustam ao mesmo tempo.

Dessa forma o Halloweem cresce e se dissemina pelos cantos do mundo em formato de festas, séries e filmes, tudo isso pelo fato de que toca nessa área frágil ou indecifrável que todos nós possuímos, os nossos medos.

Quem não tem os seus?

Eles podem aparecer, representados nesse período, como cabeças de abóboras assombradas, fantasmas, lobisomens, bruxa, vampiros e simbolicamente podem representar os medos que estão em mim e em você.

O medo do desconhecido, do escuro, do não sabido, das incertezas, dos mistérios que nos atravessam.

Medo da morte, das perdas, do adoecimento, da depressão, medo da frustração.

Medo de ser racional, de tomar decisões, de fazer escolhas.

Medo de agir pela emoção, medo do amor e do ódio, medo de não ser aceita, medo da rejeição.

São tantos medos que nos atravessam que tentamos esconder e fazê-los imperceptíveis, porém nessa festa eles são ressaltados com um certo humor, já que “o humor nos salva”, como dizia Freud.

Alguns medos relacionam-se com a nossa infância, outros com nossa adolescência, outros com a maturidade, e outros ainda com a experiência da velhice. Muitos se relacionam com produtos do nosso inconsciente. Fato é que na maioria das vezes eles aparecem como “monstros”, que são metáforas dos nossos medos reais.

O medo pode ser algo extremamente relacionado com a subjetividade e com os aspectos humanos, coletivos e individuais. Ao tratarmos do medo além da ótica de uma reação automática, ele se caracteriza como uma emoção provocada por nossa percepção, as vezes são medos tão especifico e pessoais, fobias quase impossíveis de explicar, outras vezes são medos simples e comuns a todas nós.

É importante saber que existem elementos que são universalmente produtores de medo e que podem variar de acordo com a cultura de cada pessoa, ou seja, alguns objetos ou acontecimentos tem o poder de causar um medo em uma coletividade, já outros objetos são causadores de medo de forma muito particular. Há quem tenha medo de morrer, e há quem tenha medo por exemplo, de pronunciar alguma palavra.

A sensação do medo quando assistimos, por exemplo, a um filme de terror, tem o poder de atrair nossa atenção de tal forma que não conseguimos nos desvencilhar da ficção e sentimos como se fossemos nós mesmas a ser perseguida pelo assassino maníaco.

Esse tipo de obra faz sucesso, entre outras coisas, pelo fato de que quando nos prendemos a ela, nos esquecemos de todas as outras sensações que carregamos, nossas preocupações, dores, magoas. Elas nos servem como um anestésico momentâneo, capaz de nos fazer parar de pensar em algo que nos angustia. Talvez seja a troca momentânea do medo real por um medo imaginário, ou seja, enquanto estamos com medo, nosso foco principal é processar aquele estímulo, assim bloqueamos outros pensamentos e ‘preocupações’ menos relevantes para a nossa sobrevivência. Se você estava ruminando pensamentos sobre uma briga com seu namorado, mas agora está imersa em uma narrativa de fuga de um assassino, seu foco será todo dirigido para essa fuga, com isso, é comum que as pessoas se sintam menos preocupadas depois de um filme de terror.

Vale ressaltar que sentir medo faz parte da condição humana, mas quando esse medo é desproporcional e ocorre com freqüência, pode denunciar a necessidade de cuidados e o apontamento de que algo esta errado. E isso dá medo também.

Diante disso, que nosso Halloweem seja essa tentativa de dissipar nossos medos e brincarmos, transformando o que nos aterroriza em festa e brincando de susto, sentindo arrepios e correndo da morte. E por fim, comamos alguns doces e nos deliciemos com as travessuras, pois precisamos buscar a doçura para que o amargo não inunde a nossa vida.

Um abraço carinhoso,

Fátima Aquino 

Psicóloga Clínica 

Fátima Aquino

Fátima Aquino

Fátima Aquino - Psicóloga Clínica - CRP 04/45482, Pós graduação em Psicanálise e em Terapia Familiar

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