Assim como qualquer outra data comemorativa, eis que o dia dos Namorados pode ser algo a se comemorar. Vale a pena a bebida preferida, o restaurante favorito, a comédia romântica da Netflix com pipoca amanteigada, aquela viagem dos sonhos, uma caminhada atoa em um parque, com parada pra sorvete, churros ou batata frita, acredito que comemorar é o sentimento de estar em paz com a sua escolha e isso pode e deve ser feito e sentido a qualquer dia. A data não deixa de ser um bom lembrete, um dia pra se parar no meio do caos da vida adulta e lembrar-se, do que na verdade, não deveria ser tão raro assim: viver momentos bons com quem a gente ama.
E agora, com você, eu gostaria de falar um pouquinho sobre isso. Sobre a delícia que é viver com quem amamos. Pode ser que tenha passado uma ou duas pessoas aí na sua mente, mas eu gostaria que você pensasse em exclusivamente uma: você. E todas as ações possíveis para essa data que eu citei acima, te convido para ler novamente, pensando então que elas podem facilmente serem desfrutadas com a sua deliciosa e própria companhia, se assim quiser, é claro.
O desejo por uma companhia não pode se tornar uma necessidade e pra que isso não aconteça há um pilar muito importante: ser uma boa companhia pra si mesma. Isso pode até parecer meio clichê, mas não deixa de ser uma verdade. O outro, tão apaixonante e por vezes irresistível, em alguns momentos um tormento e em outros pura calmaria, ele deve sempre ocupar o lugar de um outro e não de uma extensão sua. Essa frase pode suar meio grosseira, mas na sua essência ela diz que o outro, somente é o seu objetivo de afeto e desejo por ser um outro fora, distante e mesmo que em muitas coisas parecidos, ainda assim, diferentes. Se por um instante nessa união, ambos ou somente um, se deixam levar pelo desejo alheio haverá uma quebra, ele então deixará de ser alguém admirável ou diferente e se tornará somente um protótipo de um desejo, e isso ao mesmo tempo que se torna absolutamente sem graça, causa adoecimento e uma relação infeliz, aonde só existe um. O outro desaparece, se tornando apenas a necessidade de viver por aquilo que se chama de amor, como conta na música de Cazuza : “ Eu nunca mais vou respirar se você não me notar, eu posso até morrer de fome se você não me amar. Por você eu largo tudo, vou mendigar, roubar, matar. Até nas coisas mais banais, pra mim é tudo ou nunca mais…”
Há uma linha tênue entre se apaixonar e não se deixar levar pelo desejo do outro, pois a paixão ela nos causa o desejo de ser o objeto desejante, o único e exclusivo desejo do outro. A paixão nos causa ânsia de sentir que sou desejante e que por algum instante eu poderia ceder a mim para não cessar o gozo do qual estou vivendo.
Escrevo então para todos os enamorados ( lê-se apaixonados ), porque viver em boa companhia é gostoso, mas você só conseguirá, muitas vezes – ou todas – diferenciar uma boa ou má companhia pra se estar, se conseguir desfrutar de cada milímetro da sua própria. E não digo isso pra que você encontre todas as qualidades possíveis em si mesma, ou acredite que as deva inventar ou criar para si, para só então viver bem. Porque amar o outro nunca foi sobre amar alguém perfeito, a bagunça do outro que se esforça pra não te bagunçar também, não deixa de ser provocante.
Estar enamorada pela sua companhia é abraçar você por inteira, o pacote completo. Não há amor sem aceitação. Primeiro você aceita e ama, depois você aprimora o que for preciso e o que não dá, você apenas faz o que conseguir fazer. A partir desse amor real, sem trejeitos ou condenação, você encontrará em si a melhor pessoa pra dividir os seus melhores momentos, realizar as suas maiores vontades e escolher pra si, a melhor pessoa para estar ao lado de alguém tão incrível que você sabe que é.