À frente da importadora Casa Cachaça, que representa marcas premium na Europa, Lopes defende a bebida como um importante símbolo da cultura brasileira
A trajetória de Raquel Lopes, fundadora da Casa Cachaça, é uma verdadeira inspiração para quem acredita que nunca é tarde para recomeçar e inovar. Natural do Rio de Janeiro, a empresária iniciou a sua vida profissional com uma formação em arte dramática e dança, áreas que lhe proporcionaram uma carreira no teatro.
Contudo, depois de tornar-se mãe e vivenciar a perda do seu marido, Raquel reinventou-se ao buscar novos horizontes. Primeiro, com um foco especial em vinhos. E, mais tarde, ao mudar-se para Portugal, assumiu a missão de divulgar a cachaça como um importante símbolo cultural brasileiro e abriu uma importadora especializada em cachaças de alambique.
A cachaça sempre foi algo que me encantou. Fui com alguns amigos estrangeiros a um alambique no Rio de Janeiro e percebi que a cachaça brasileira merecia um espaço especial no mercado internacional. Foi quando, em 2021, comecei a trabalhar na ideia de levar essa bebida tradicional para o exterior, especialmente para Portugal”, conta Raquel.
Portugal é um país fundamental na história da cachaça. Foram os portugueses, no séculos XVI, que levaram a cana de açúcar para o Brasil. A partir das primeiras plantações de cana de açúcar percebeu-se que o caldo fermentado poderia ser destilado para criar uma bebida alcoólica. A produção é feita de uma forma diferente, a partir do caldo fresco. A cachaça brasileira pode ser de três tipos: branca (ou prata), envelhecida (ou ouro) e envelhecida em madeira. Esta última opção tem muitas variedades como amburana, jequitibá, bálsamo e ipê, entre outras.
A ideia de Raquel se concretizou e a Casa Cachaça começou a importar para o mercado português, com o objetivo de introduzir a cachaça como uma bebida premium e sofisticada. Através de uma curadoria minuciosa, que inclui viagens constantes ao Brasil à procura de novos alambiques que ofereçam produtos de altíssima qualidade, com processos de produção cuidadosos e um foco em preservar as tradições, a empresa vem se consolidando em Portugal. Atualmente, a Casa Cachaça tem como clientes restaurantes de alta gastronomia e é reconhecida pela sua excelência.
O nosso objetivo é mostrar que uma cachaça, assim como o vinho, pode ser apreciada e valorizada em qualquer parte do mundo. Portugal tem um mercado sofisticado e apreciador de bebidas de qualidade, e nós consideramos que a Casa Cachaça preenche essa lacuna”, diz Raquel Lopes, que este ano participou de feiras em França e Bélgica e planeja expandir a atuação para outros mercados internacionais já em 2025. “O objetivo é que a Casa Cachaça continue a crescer de forma sustentável, sempre respeitando a qualidade do produto e a conexão com o público”.
Do vinho para a cachaça
O trabalho como embaixadora da cultura da cachaça vem depois de uma experiência no universo do vinho. Um desafio que se impôs após perder o marido, em 2015.
“Quando fiquei viúva, percebi que precisava voltar a trabalhar e buscar novos caminhos. Foi quando decidi me aprofundar no mundo dos vinhos. Eu já tinha viajado por várias regiões vinícolas, mas eu precisava entender mais profundamente. Após vários cursos e uma experiência prática no setor, trabalhei com importação de vinhos no Brasil, ajudando a posicionar marcas de alto padrão nos melhores restaurantes do Rio de Janeiro. Cheguei a manter o trabalho com vinho ao me mudar para Portugal, em 2016. Mas a oportunidade de promover uma bebida que está tão fortemente relacionada à identidade brasileira me motivou a focar na cachaça”.
Apaixonada pela inovação, a empresária diz que a sua energia está voltada para a criação de novos produtos, experiências e maneiras de aproximar as pessoas de uma boa cachaça: “Eu adoro criar, inovar, fazer acontecer. Isso é o que mais me motiva”.