Chegamos ao fim do ano e é comum, nessa época, revisarmos as metas traçadas no início do ano e nos depararmos com algumas (ou muitas) que não foram cumpridas. Projetos que ficaram no papel, hábitos que não conseguimos mudar, objetivos profissionais que ficaram em stand-by. Mas por que isso acontece? Por que, apesar do desejo de mudança e progresso, tantas vezes caímos na armadilha da procrastinação?
Procrastinar, ou seja, adiar tarefas importantes, é uma experiência que quase todos nós enfrentamos. No entanto, entender as causas desse comportamento é o primeiro passo para superá-lo e garantir que, no próximo ano, possamos avançar em direção aos nossos objetivos. Vamos explorar algumas razões comuns para a procrastinação e como combatê-las.
1. Metas pouco claras ou irrealistas
Uma das principais razões pelas quais as metas não são executadas é a falta de clareza. Muitas vezes, fazemos resoluções vagas, como “ser mais saudável” ou “crescer na carreira”, sem definir o que exatamente isso significa. Sem um plano detalhado, fica difícil saber por onde começar e, como resultado, a procrastinação se instala.
Além disso, definir metas irrealistas ou muito ambiciosas pode ser outro problema. Quando estabelecemos objetivos que parecem inatingíveis, nosso cérebro tende a evitar o desconforto e a dificuldade, levando-nos a adiar a ação. O segredo está em quebrar grandes metas em passos menores e mais concretos. Por exemplo, em vez de “crescer na carreira”, pense em “fazer um curso de especialização até março” ou “enviar X currículos por semana”.
2. Medo do fracasso (ou do sucesso)
Outro fator que muitas vezes nos leva a procrastinar é o medo. Esse medo pode se manifestar de diferentes maneiras: o medo de falhar, de não sermos bons o suficiente ou, surpreendentemente, até o medo de sermos bem-sucedidos. O sucesso pode trazer consigo novas responsabilidades e pressões, o que pode ser intimidante.
Esse medo nos leva a adiar tarefas, pois, ao procrastinar, estamos inconscientemente evitando enfrentar essas possíveis consequências. A solução aqui é cultivar a autoconfiança e lembrar que o progresso raramente é linear. Pequenas falhas ao longo do caminho fazem parte do processo e não devem ser vistas como um motivo para desistir.
3. Falta de organização e planejamento
Outro motivo comum para a procrastinação é a falta de organização. Sem um cronograma claro, as tarefas parecem maiores e mais complicadas do que realmente são. O planejamento eficaz é uma ferramenta poderosa para combater esse sentimento de sobrecarga.
Ter uma agenda semanal ou mensal bem estruturada, onde você anota suas prioridades e divide as tarefas em blocos de tempo específicos, ajuda a manter o foco e o controle. Ao visualizar suas responsabilidades de forma organizada, é mais fácil seguir um fluxo constante de trabalho, evitando a procrastinação.
4. Distrações constantes
Vivemos na era das distrações. As redes sociais, mensagens instantâneas e outras formas de entretenimento estão sempre a um clique de distância. Essas interrupções constantes quebram o foco e dificultam a execução das tarefas mais importantes.
Combater a procrastinação nesse cenário exige disciplina e gestão do tempo. Uma técnica útil é a Pomodoro, que envolve trabalhar por blocos de 25 minutos seguidos de um curto intervalo. Esse método ajuda a manter o foco sem sobrecarregar a mente. Além disso, limitar o tempo em redes sociais e estabelecer horários específicos para essas atividades também pode ser uma estratégia eficaz.
5. Perfeccionismo
Muitas vezes, a procrastinação é alimentada pelo perfeccionismo. Pessoas perfeccionistas tendem a adiar tarefas porque estão esperando o momento ideal ou as condições perfeitas para começar. Esse pensamento paralisante impede o progresso, já que o momento perfeito raramente, ou nunca, chega.
O perfeccionismo pode ser enfrentado ao aceitar que “feito é melhor do que perfeito”. Começar uma tarefa, mesmo que de forma imperfeita, é melhor do que não começar. A ação gera progresso, e ajustes podem ser feitos ao longo do caminho.
6. Falta de motivação e conexão com a meta
Às vezes, a procrastinação surge porque a motivação por trás da meta não é genuína. Quando estabelecemos metas baseadas em expectativas externas (como pressões sociais ou familiares) e não em nossos próprios desejos, a falta de conexão emocional com esses objetivos torna mais difícil agir.
Por isso, é importante, ao traçar metas para o próximo ano, garantir que elas estejam alinhadas com seus verdadeiros valores e desejos. Quando você sente paixão pelo que está perseguindo, a motivação para agir surge naturalmente, tornando a procrastinação menos provável.
Como se preparar para o próximo ano
Agora que já entendemos algumas das causas da procrastinação, é hora de pensar em como podemos reverter esse cenário para o próximo ano. Aqui estão algumas dicas práticas:
1. Reavalie suas metas: Certifique-se de que suas metas são claras, realistas e, acima de tudo, alinhadas com seus valores pessoais. Divida grandes objetivos em pequenas ações diárias ou semanais.
2. Use ferramentas de organização: Utilize agendas, aplicativos de produtividade ou técnicas como o Pomodoro para estruturar melhor seu tempo e manter o foco.
3. Crie um sistema de recompensas: Recompense-se ao concluir pequenas tarefas. Esse reforço positivo ajuda a manter a motivação alta.
4. Enfrente o medo: Reconheça seus medos e inseguranças, mas não permita que eles dominem suas ações. Lembre-se de que falhar faz parte do processo de crescimento.
5. Ajuste expectativas: Aceite que o perfeccionismo pode ser um inimigo. Não espere condições perfeitas para agir – comece agora e ajuste ao longo do caminho.
O próximo ano está chegando, e com ele, novas oportunidades para crescer e realizar. Ao entender as causas da procrastinação e agir com consciência e planejamento, podemos transformar nossas metas não executadas em realizações concretas. Que 2025 seja o ano em que seus planos saiam do papel e se tornem realidade!
Por Laila Lemos
Analista comportamental
@eusoulailalemos