Como funciona o Judiciário: Elon Musk vs Alexandre de Moraes

Falamos muito sobre o Poder Legislativo nas últimas colunas. Mas ainda precisamos olhar para o Poder Executivo e o Judiciário. Considerando as atuais polêmicas de Elon Musk com o Supremo Tribunal Federal (na figura do Ministro Alexandre de Moraes), achei pertinente falarmos deste Judiciário.

O Poder Judiciário, em sua função primordial, deve garantir a correta aplicação das leis do país. Interpreta a legislação para aplicá-la a casos concretos e assegura que as normas sejam seguidas, cumprindo também a função de executar as leis, ou seja, garantir que decisões judiciais sejam efetivamente implementadas. Este papel é crucial para a manutenção da ordem jurídica e para o respeito aos direitos individuais e coletivos.

Além disso, o Judiciário media conflitos tanto entre cidadãos, em interesses privados, quanto entre o cidadão e o Estado, em interesses públicos. Essa função é essencial para resolver disputas de maneira imparcial e baseada na lei, assegurando que os direitos de todas as partes envolvidas sejam respeitados.

O sistema judiciário brasileiro é composto por três instâncias. A primeira instância é onde juízes e tribunais julgam casos civis, criminais e outros pela primeira vez. A segunda instância envolve os Tribunais Regionais Federais e os Tribunais de Justiça nos estados, que julgam recursos contra as decisões da primeira instância. As instâncias superiores, incluindo o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ), julgam questões mais complexas e recursos especiais. Esta estrutura permite um sistema de revisão das decisões judiciais, garantindo que os direitos sejam protegidos de maneira justa e conforme as leis do país.

Ok, mas e o que tudo isso tem a ver com Elon Musk?

O noticiário foi dominado, nos últimos dias, pelas notícias do bilionário Elon Musk, que ameaçou descumprir decisões judiciais brasileiras e reativar perfis de usuários bloqueados. Musk também fez ataques ao Ministro Alexandre de Moraes, acusando-o de censura e de ameaçar prender funcionários da rede social no Brasil.

Moraes determinou a investigação de Musk e incluiu o bilionário no inquérito de milícias digitais, por obstrução de Justiça e incitação ao crime e abuso de poder econômico. Caso o antigo Twitter não obedeça às decisões judiciais, Moraes determinou multa de R$ 100 mil para cada perfil que for reativado.

O STF é o órgão máximo do Judiciário e desempenha várias funções importantes, incluindo a guarda da Constituição e o julgamento de ações contra autoridades federais que possuem foro privilegiado, como presidentes, ministros, senadores e deputados. O tribunal também é responsável por decisões sobre questões que envolvem interpretações dos direitos e garantias fundamentais.

Ao lado do STF, temos o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um órgão de gestão, fiscalização e planejamento do Judiciário, responsável por garantir a eficiência administrativa e estabelecer normas para o funcionamento uniforme dos tribunais brasileiros. O CNJ também atua na fiscalização da atuação administrativa e disciplinar dos juízes, embora não julgue casos.

Mas e o que pode acontecer com Elon Musk ao ser investigado pelo STF? (1) bloqueio de bens da empresa, (2) não poderá vir ao Brasil se condenado e em caso de pedido de prisão preventiva, (3) pedido de detenção junto a Interpol, (4) pedido de extradição e (4) pedido de ação penal nos EUA, além do (5) pagamento de multas.

O descumprimento de uma ordem judicial se caracteriza como crime de desobediência e pode servir como fundamento para determinar medidas cautelares ou pessoais contra o investigado, sendo a mais grave a prisão preventiva. Assim, as consequências são diversas e denotam a consolidação do Poder Judiciário brasileiro, concordemos ou não.

E é claro que você é livre para discordar! Aliás, o propósito desta coluna é a libertação intelectual, motivo pelo qual finalizo este capítulo com o ensinamento de John Locke quando afirmou que “a finalidade da lei não é abolir ou conter, mas preservar e ampliar a liberdade”.

Um beijo cheio de liberdade e até a próxima!

Juliana Markendorf

Juliana Markendorf

Juliana Markendorf Noda. Advogada e Professora. Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Pós-graduada em Sociologia Política pela Universidade Federal do Paraná. Membro da Comissão de Direito Eleitoral da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Paraná. Membro da Comissão de Direito Digital e Proteção de Dados da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Paraná. Membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político. Presidente do Instituto de Formação de Líderes de Curitiba.

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