Alienação Parental e o sofrimento emocional da criança vítima desse abuso

Alienação parental. Talvez você já tenha ouvido essa expressão e não saiba exatamente sobre o que se trata. E pior, talvez você não saiba quais sejam os danos que ela pode causar à criança que passa por isso.

Alienação parental é um termo que se refere ao processo pelo qual um dos pais manipula a criança para que ela rejeite o outro genitor, criando com isso um distanciamento ou mesmo um rompimento emocional entre a criança e ele(a).

Isso pode ocorrer através de atitudes como: comentários negativos, acusações falsas, mentiras, interferência na comunicação, afastamento ou isolamento da criança, entre outras estratégias.

Certamente o intuito inicial é agredir o genitor, o fazendo sofrer, porém o maior prejudicado será a relação com o pai ou a mãe alienados e a própria saúde mental da criança, já que esse comportamento pode causar sérios danos emocionais e psicológicos à ela.

Em muitos países, a alienação parental é considerada uma forma de abuso emocional e pode ter implicações legais.

É possível perceber alguns dos principais aspectos emocionais que podem afetar a criança, vítima de alienação parental. Geralmente ela se sente confusa emocionalmente, vivenciando um conflito de lealdade, dividida entre o amor pelos pais ou mesmo se sentido culpada por ter sentimentos positivos em relação a um deles, ou por não conseguir agradar o genitor alienante.

Essa pressão para “escolher” entre um deles e a manipulação emocional que ela sofre, podem levar a criança a sentimentos confusos, podendo desenvolver sintomas ansiosos e depressivos devido ao estresse contínuo e ao conflito interno.

É possível perceber que a criança exposta à alienação parental é mais propensa a apresentar baixa autoestima, já que começa a sentir que ela própria é a causa dos conflitos entre os pais, sente-se rejeitada por um deles e muitas vezes tem dificuldades em perceber o seu real valor, chegando até a deixar de se amar. Tudo isso pode levar a uma diminuição significativa da sua autoestima.

Além disso, a criança pode desenvolver sentimentos de raiva e ressentimento em relação ao genitor alienante ou ao genitor alienado, ou a ambos, de modo que ela não consiga ter uma boa relação nem com um e nem com o outro.

Crescer em um ambiente onde um dos pais é constantemente criticado e desvalorizado pode levar a dificuldades em confiar nas outras pessoas, já que as dificuldades emocionais vividas durante a infância podem impactar negativamente a capacidade da criança de formar e manter relacionamentos saudáveis.

Além disso, observamos também aspectos comportamentais como agressividade ou retraimento, ou seja, a criança pode manifestar comportamentos agressivos ou, ao contrário, tornar-se excessivamente retraída e isolada, manifestando dificuldades para interagir. Pode ter dificuldades em desenvolver um senso de identidade claro e positivo, especialmente se o genitor alienado desempenhava um papel significativo na formação de sua identidade.

No ambiente escolar, o estresse e os conflitos emocionais podem levar a uma queda no desempenho e na motivação para aprender, além de uma dificuldade no relacionamento e na interação com os colegas, o que prejudica também o seu convívio social.

Os impactos a longo prazo desse tipo de problema são as dificuldades emocionais que podem persistir até a idade adulta, resultando em problemas psicológicos duradouros, que podem afetar negativamente a capacidade da criança em formar e manter relacionamentos saudáveis no futuro.

Esses aspectos emocionais e comportamentais podem variar em intensidade e impacto dependendo da gravidade da alienação parental e também do suporte que a criança recebe de outras figuras significativas em sua vida.

Mas é preciso estarmos atentos pois os efeitos da alienação parental podem ser profundos e duradouros.

É crucial que a criança que passa por isso receba apoio emocional adequado, tanto de profissionais de saúde mental quanto de outras figuras de apoio, para diminuir esses impactos e ajudar na recuperação emocional.

Trago esse texto como um alerta, para que se você vive um processo onde há uma ou mais crianças envolvidas, cuide para que elas não sejam expostas à esse tipo de abuso emocional, pois as dores são profundas e as marcas podem seguir por toda a vida.

Com carinho,

Fátima Aquino

Psicóloga Clínica

Fátima Aquino

Fátima Aquino

Fátima Aquino - Psicóloga Clínica - CRP 04/45482, Pós graduação em Psicanálise e em Terapia Familiar

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