Já parou para pensar em como você desenvolveu seus hábitos alimentares? Preferências, crenças, facilidades e dificuldades podem ser influenciadas por diversos fatores. Entre eles, a criação e os hábitos alimentares da família têm grande impacto.
Muitas das mensagens que recebemos durante a infância, especialmente relacionadas à comida e ao corpo, moldam nossa relação com a alimentação e nossa autoimagem. Por isso, é fundamental identificar esses padrões para trabalhar o comportamento alimentar de dentro para fora.
Algumas frases comuns na infância que podem ter um impacto duradouro incluem:
– “Coma tudo porque tem gente passando fome.”
– “Se comer tudo, ganha sobremesa.”
– “Se você se comportar, depois passamos na sorveteria.”
– “Fique boazinha e pare de chorar que ganha um chocolate.”
Essas mensagens podem criar associações disfuncionais, como:
– Dificuldade em perceber os sinais de fome e saciedade.
– Culpa em deixar comida no prato.
– Utilizar a comida como forma de recompensa ou conforto emocional.
Além disso, os padrões alimentares familiares influenciam como você desenvolve sua relação com a comida. Famílias que valorizam dietas restritivas ou colocam um foco excessivo em peso e aparência muitas vezes criam adultos com uma relação desordenada com a alimentação. Enquanto que famílias que promovem uma alimentação saudável e inclusiva, onde os sinais de fome e saciedade são respeitados, tendem a gerar adultos com uma relação mais equilibrada com a comida.
Outro ponto importante é o impacto dos comentários e comparações físicas que as mulheres enfrentam desde a infância. Seja de pessoas próximas ou das redes sociais, somos constantemente bombardeadas com ideias sobre o “corpo ideal” e dietas da moda. Isso pode levar à internalização da ideia de que nosso valor está diretamente ligado à aparência, gerando sofrimento emocional e a busca por soluções rápidas e milagrosas. Esse ciclo de dietas e insatisfação corporal frequentemente persiste até a fase adulta, afetando negativamente a autoestima e a relação com a comida.
Muitas mulheres enfrentam desafios ao tentar separar a fome física da emocional. Com frequência, a alimentação se torna uma forma de lidar com o estresse, a ansiedade ou a baixa autoestima. No entanto, esses comportamentos, que muitas vezes têm raízes na infância, podem ser desconstruídos por meio do autoconhecimento e da reeducação alimentar.
Como transformar esses padrões? O primeiro passo é refletir sobre as mensagens que você ouviu durante a infância e como elas podem estar impactando suas escolhas alimentares hoje. Observe seus pensamentos e diálogos internos diante da comida. O autoconhecimento é essencial para transformar seus comportamentos alimentares.
Lembre-se: cada refeição é uma oportunidade de melhoria. São as pequenas decisões do dia a dia que determinam sua jornada.
Além disso, um acompanhamento nutricional pode ajudar a trazer consciência sobre as emoções e padrões automáticos ligados à comida, permitindo que você recupere o controle e faça escolhas mais alinhadas com suas reais necessidades.
Por fim, olhe para si mesma com acolhimento e procure ajuda, se necessário. Um profissional que te ajude a deixar o julgamento e os padrões disfuncionais para trás, e caminhe ao seu lado em direção a uma relação mais assertiva e gentil com sua alimentação e com seu corpo.