Fórmulas infantis estão associadas à maior carga de genes de resistência a antibióticos.
Recém-nascidos correm um grande risco de adquirir infecções – muitas fatais, precisando do uso de antibióticos no tratamento. Porém, genes de resistência a antibióticos (AGRs) estão presentes nas microbiotas intestinais destes bebês, em quantidades elevadas. Intervenções que diminuam o número de AGRs são de grande valia para a melhora do tratamento, o que é o caso de alterações na dieta.
Uma pesquisa feita com 46 bebês (nascidos prematuros entre 27 a 36 semanas de gestação) investigou o impacto das fórmulas infantis na carga de resistência neonatal. Nesta, 21 bebês receberam uma fórmula infantil comercial, 20 bebês foram alimentados por leite materno fortificado e 5 bebês receberam apenas leite humano (da mãe ou doadora). E o resultado? A carga de genes resistentes a antibióticos nos bebês alimentados com fórmulas foi maior de forma significante do que no bebês alimentados apenas com leite materno ou leite humano com fortificantes. Na metanálise, o aleitamento com fórmulas foi associado a um aumento de 70% no número destes AGRs.
Os bebês que recebem aleitamento materno exclusivo, possuem diversidade microbiana significativamente maior do que bebês alimentados com fórmulas. No aleitamento materno exclusivo, as comunidades mais diversificadas e menos resistentes a antibióticos são contrárias as de bebês alimentados com fórmula, que podem ter comunidades microbianas enriquecidas com anaeróbios facultativos portadores de AGRs. Várias espécies potencialmente patogênicas estão mais presentes nestes bebês alimentados com fórmula, como Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Klebsiella pneumoniae, Klebsiella oxytoca e Clostridium difficile.
Dentre os resultados, suplementar o leite materno (ou proveniente de doadora) não teve nenhum efeito significativo na carga de genes resistentes à antibióticos. Desta forma, adicionar fortificantes no leite humano pode ter menos impacto no potencial de resistência aos antibióticos do que a fórmula, que aumenta a carga destes AGRs. O estímulo à amamentação é de extrema importância.
Estes dados demonstram, mais uma vez, a valia do aleitamento materno. Nos primeiros meses de vida, uma alimentação apenas com leite materno (mesmo fortificado) diminuiria a carga de genes resistentes à antibióticos, favorecendo bactérias não portadoras desses genes. Profissionais da saúde devem ter prudência na prescrição de fórmulas infantis. Um acompanhamento com Nutricionista Materno Infantil é uma ótima opção para auxiliar as mamães desde o período pré gestacional até os primeiros anos de vida do bebê.